Com dois minutos de jogo, o lateral esquerdo Orinho, do Santos, lançou bola alta para Soteldo. Não deu para o venezuelano de 1,60 m. Em seguida, pressionado por Éverton, Luiz Felipe esticou lançamento para a frente. Aos 7 min, foi a vez de Vanderlei. Até que, aos 17, Diego Pituca tabelou curto com Soteldo, pela esquerda. O baixinho exigiu boa defesa de Tiago Volpi.
Mais do que a insistência em ter sempre a bola sob seu domínio e empurrar o adversário para seu campo de defesa, o que mais pode ajudar Sampaoli a ter sucesso no Brasil é a noção de que o futebol é um jogo que se joga com a cabeça.
Não necessariamente de cabeça.
O primeiro gol da vitória santista nasceu de um cruzamento de Jean Mota, cabeceio do zagueiro Luiz Felipe. Jogada de falta ao lado da grande área, como o Santos de Cuca marcou 19% de seus gols no Brasileiro de 2018. Não é porque os times mais modernos preferem jogar rente à grama que se deve renunciar aos cruzamentos totalmente. É só não exagerar. E quando cruzar, mirar o jogador mais alto, não o baixinho Soteldo.
Joga-se com o cérebro.
O Santos foi melhor no clássico do Pacaembu, também, porque movimentou-se intensamente. Havia saídas da defesa com Alisson, ou Pituca, entre os beques Luiz Felipe e Gustavo Henrique. Em alguns momentos, o primeiro passe vinha de Vanderlei, com a defesa postada com quatro homens. Quase sempre com os laterais, Victor Ferraz e Orinho, infiltrados como pontas.
A ideia era abrir a defesa são-paulina. Também obrigava Éverton a abandonar a marcação no campo de ataque e recuar para proteger Reinaldo do assédio de Victor Ferraz e Derlis González em seu setor, dois contra um.
Nenê compensava a ausência de Éverton, subia para pressionar a saída e abria espaço no meio de campo. Carlos Sánchez e Jean Mota revezaram-se nesse vazio durante um pedaço do primeiro tempo. O uruguaio Sánchez apareceu até na ponta esquerda.
Nem mesmo quando substituiu Jean Mota por Aguilar e passou a ter três zagueiros, o Santos renunciou à sua capacidade de se impor ao São Paulo. O contra-ataque que matou o jogo com gol de Derlis González estava anunciado.
Comparado o desempenho depois de três rodadas com a acidez das declarações depois do amistoso contra o Corinthians e da estreia contra a Ferroviária, a impressão é a de que Sampaoli vendia dificuldades para entregar facilidades. Desde 2011, o Santos não começava o Paulista com três vitórias. Naquele ano, foi bicampeão estadual e ganhou a Libertadores.
O São Paulo, ao contrário, não repetiu o que se viu nas duas primeiras partidas. As ideias de André Jardine são ótimas. O San-São escancarou menos seus pensamentos e deixou mais à vista a capacidade de Sampaoli.
É cedo para entender o que se passará no ano santista. A torcida pode se desapontar daqui a uma semana. A saída do Pacaembu, no entanto, deu a impressão de que se poderá ter surpresas com o time de orçamento menor e contratações menos badaladas. O São Paulo gastou R$ 41 milhões e, em seu primeiro clássico, seguiu a sina dos últimos anos. Desde 2014, não termina uma temporada com mais vitórias que derrotas contra seus rivais mais tradicionais.
A primeira vitória
Carille disse preferir o desempenho do jogo contra o São Caetano ao que viu contra a Ponte Preta. Mas venceu. Melhorou quando escalou Fágner e Jadson. O lateral tabelou com Pedrinho na jogada do gol, mas a novidade é ter um centroavante como Gustavo. Mesmo que seja para ser reserva de Boselli.
Falta de paciência
A vitória do Flamengo sobre o Botafogo manteve algumas críticas a Abel Braga, acusado de recuar demais depois de fazer 2 a 1. Antes, houve observações sobre cruzamentos de arremessos laterais. A calma não é uma virtude rubro-negra. Não dá para avaliar nada antes, no mínimo, do fim da Taça Guanabara.
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