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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Há coincidências nos períodos de crise de São Paulo e Corinthians

O Tricolor é uma sequência de equívocos iguais aos piores do seu rival antes do descenso.

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O São Paulo inaugura neste domingo (17) a 16ª tentativa de encontrar um salvador. Seu messias atual atende pelo nome de Vagner Mancini, mas será Cuca daqui a dois meses, se tudo der certo. No dia 10 de novembro, no mesmo palco de Itaquera, Raí e o presidente Leco chegaram à conclusão de que era necessário iniciar a 15ª tentativa. Diego Aguirre caiu na Arena Corinthians. Foi ali que, pela quinta vez na história, o São Paulo decidiu mudar de treinador por não vencer seu maior rival.

A quarta foi a de Ney Franco, demitido após o jogo de ida da Recopa em 2013, derrota por 2 a 1, no Morumbi.

O São Paulo vitimou 15 treinadores corintianos. O último foi Ademar Braga, em 2006. Ou seja, depois do rebaixamento, nunca mais o Corinthians se preocupou em despachar o homem que perdeu o Majestoso. Até porque, a partir de 2008, o São Paulo perdeu muito mais do que ganhou. Desde o retorno alvinegro da Série B, houve 38 clássicos. O Corinthians venceu vinte. O São Paulo, oito.

O período coincide com a decadência do Morumbi.

Reinaldo lamenta eliminação do São Paulo na Libertadores
Reinaldo lamenta eliminação do São Paulo na Libertadores - Amanda Perobelli/Reuters

Há coincidências nos períodos de crise nos dois lados. Alberto Dualib renunciou em 2007 para não ser impedido na presidência, exatamente como aconteceu com Carlos Miguel Aidar no São Paulo, em 2015.

O desequilíbrio a favor do Corinthians pós-acesso não é espelho dos últimos seis clássicos, com duas vitórias para cada lado. Porque os corintianos também vivem dificuldades desde que Fábio Carille saiu, com a equipe em terceiro lugar no Brasileiro do ano passado. O Corinthians terminou em 13º e também escolheu seu salvador. Carille não chegou como o técnico, mas como a solução. Como se vê com a pior campanha em início de estadual desde 2001, não há treinador que dê jeito sozinho.

Há também posturas do técnico que podem atrapalhar o relacionamento com jogadores. É uma hipótese. Depois do empate com o Racing, Carille se lembrou de um período ruim, há um ano: “Perdi um jogo em Santo André e outro para o São Bento.” Ops... Quem perdeu foi o Corinthians. Carille era apenas o treinador. O personalismo, muitas vezes imperceptível a quem repete sempre a palavra “eu”, pode atrapalhar a relação com os jogadores.

Quando Carille foi para a Arábia Saudita, o Corinthians também se julgou soberano, como o São Paulo de dez anos atrás. Dirigentes alvinegros disseram que não importava o treinador. A engrenagem o empurraria. Não empurrou.

O primeiro passo para a decadência é a soberba. O Corinthians não está bem. O São Paulo, muito menos.
No Morumbi, alguns erros são repetidos, como as mudanças seguidas de técnicos sem manter o estilo de jogo. Doriva era defensivo, Ceni queria buscar o gol, Dorival um pouco menos, Diego Aguirre contra-atacava, Jardine sonhava com a posse de bola, Cuca não tem vergonha da ligação direta.

Raí é o sexto chefe da gestão do futebol desde que Leco assumiu a presidência. Já foi elogiado. Há dez meses, quando deixou o Castelão no meio do segundo tempo e voltou a São Paulo em tempo de olhar nos olhos de Diego Souza para evitar sua transferência ao Vasco.

Hoje, merece crítica. Na quarta (13), após a eliminação para o Talleres, deixou André Jardine solitário numa entrevista constrangedora. Como diretor, Raí não podia ir embora sem falar à imprensa, digo, à torcida, como fazem jogadores que fogem pelos fundos.

A gestão Leco é acusada de queimar ídolos. Primeiro Rogério Ceni. Agora Raí, obrigado a ouvir o coro da torcida indignada: “Pede para sair.”

O São Paulo dos últimos dez anos é uma sequência de equívocos iguais aos piores do Corinthians antes do descenso.

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