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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Ronaldinho é o maior desperdício de talento deste século do futebol mundial

Jogador foi muito bem no Atlético-MG, mas nunca mais foi o mesmo do Barcelona

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Ronaldinho foi pentacampeão mundial com a seleção brasileira em 2002
Ronaldinho foi pentacampeão mundial com a seleção brasileira em 2002 - Eduardo Knapp/ Folhapress

Ronaldinho Gaúcho foi campeão da Champions no dia 17 de maio de 2006, data em que o Barcelona venceu o Arsenal por 2 a 1 no Stade de France, gol de Beletti. Na noite seguinte, o irmão e agente do melhor jogador do mundo, eleito pela Fifa nos dois anos anteriores, jantou em Paris com dirigentes do Grêmio. Quem estava na mesa espantou-se com uma frase dita no ápice da emoção: “Agora, meu irmão vai escolher seus jogos.”

Como estávamos a 25 dias da estreia da seleção na Copa do Mundo, perdida em Frankfurt, e como o resto da história já se conhece, é justo ouvir uma observação de um dos dirigentes gremistas à mesa, naquela noite: “É brincando que se diz muitas verdades.”

Ronaldinho jogou muito bem no Atlético-MG, mas nunca mais foi o mesmo. É o maior desperdício de talento deste século no futebol mundial. Mas não o único.

Adriano admitiu no programa Conversa com Bial, em 2017: “Eu não consegui completar a minha carreira por inteiro.” 

Ronaldinho Gaúcho tinha 34 anos na Copa de 2014. Adriano, 32. Quatro anos mais novos, poderiam também ter reforçado o mais frágil elenco de seleção a disputar uma Copa do Mundo, na África do Sul.

Grafite declarou há dez dias que convocaria o Imperador em seu lugar. Ronaldinho podia escolher quem sairia. Kléberson, Júlio Baptista, Ramires... Qualquer um.

Se a seleção tivesse por mais tempo os dois que desistiram da carreira de alto nível, Neymar não seria estrela solitária desde sua primeira convocação. Talvez nem se dedicasse tanto às viagens a Mangaratiba, em vez de se recuperar no clube com o qual tem contrato, no mesmo ambiente do elenco que sonha ganhar a Champions. Ronaldinho não inaugurou a era dos craques pop stars, mas simboliza o gênio que desiste de tudo.

Imagine que Messi tivesse jantado com dirigentes do Newell’s depois de conquistar sua primeira Champions, em Roma, 2009, e que seu pai afirmasse que, a partir dali, escolheria em quais jogos teria grandes atuações. Quando Messi começou sua trajetória no Camp Nou, discutia-se se Ronaldinho chegaria ao mesmo patamar de Pelé e Maradona. A Messi falta ser campeão do mundo por sua seleção, o que consta no currículo de Ronaldinho Gaúcho, coadjuvante em 2002. Tirando Copa do Mundo, Messi é personagem principal em tudo o que faz.

O Brasil representa 10% dos jogadores escalados nas oitavas de final da Champions League, mas também é o país que mais desperdiça talentos que ficam ricos cedo demais. Os craques que Muricy definia, dez anos atrás, que chegavam aos profissionais com dois celulares e carro do ano. Nenhum daqueles virou craque.

Messi tem o celular que quiser, a mulher que desejar, o carro que preferir e joga bem (quase) todo jogo há 13 anos. Aquele jantar em Paris indica que Ronaldinho é mais Macunaíma e Messi, argentino que vive na Espanha, se parece com o comercial em que o brasileiro não desiste nunca. 

O pacto do futebol

Quando a CBF se preocupa em propor mudanças favoráveis ao desenvolvimento técnico, os clubes rejeitam. A proposta de limitar a uma mudança de treinador por temporada do Brasileiro era até tímida.

Deveria ser como na Itália, onde não se pode contratar treinador de Série A se demitir durante o campeonato. Mudar técnico não é a única medida para melhorar o nível técnico do campeonato, mas é uma delas. Quanto mais se investir em manutenção de elencos e de comissões técnicas maior a possibilidade de ter times mais sólidos.

A CBF admite a chance de fazer reuniões de avaliação depois de cada Brasileiro. Um campeonato é como uma plantinha, que precisa ser regada a cada dia. Foi assim que a Premier League subiu de nível ano após ano e o Campeonato Espanhol passou a ser conhecido como La Liga.

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