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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Na Europa, a solidez coletiva oferece o espaço para a ação individual

Não vemos o que a Europa descobre rápido: que aqui há jogadores de nível internacional

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Vinicius Junior arranca com a bola durante jogo entre Real Madrid x Barcelona, pela Copa do Rei
Vinicius Junior arranca com a bola durante jogo entre Real Madrid x Barcelona, pela Copa do Rei - Susana Vera /Reuters

Renato Portaluppi é o único brasileiro campeão da Libertadores como técnico e como jogador. Também é o único treinador de clube brasileiro vencedor do maior torneio de clubes do continente nas últimas cinco temporadas. Do alto do sucesso que o Brasil não alcança desde 2013, Renato disse à coluna nesta semana: "Estou muito preocupado com o nosso futebol, porque estamos engessando os nossos jogadores."

De 1992 a 2013, houve 22 Libertadores, com 19 finalistas e 13 campeões brasileiros. Nas últimas cinco edições, só o Grêmio.

Mano Menezes trata a seca na América de outro ponto de vista. Diz que as equipes argentinas são mais intensas do que as brasileiras e aponta o abuso do nosso calendário como causa. Lembra-se de que Schelotto tinha quatro meses a mais de Boca Juniors do que ele no Cruzeiro, quando eliminou os mineiros da competição. Com quatro meses a mais, Schelotto tinha 54 partidas a menos. Seu time estava mais descansado e mais treinado.

"Esse excesso tira intensidade, muitas vezes na decisão", Mano argumenta. Na sua opinião, o Brasil deixou de ganhar títulos sul-americanos também porque perdeu influência política na Conmebol. Nem Mano imagina, nem ninguém pode julgar que o Brasil é derrotado só nos bastidores. Mas é verdade que o xadrez político, depois de Ricardo Teixeira, derrubou reis, rainhas e bispos. Nenhum mérito ao cartola por isto. Apenas a constatação: mudou.

A recuperação precisa acontecer no campo, não na sala de reuniões.

Jogadores brasileiros que fracassam nos torneios sul-americanos brilham na Europa. Dos escalados nas oitavas da Champions League, 10% são brasileiros. Mas na Libertadores com maior número de representantes em todos os tempos (8), os finalistas foram River Plate e Boca Juniors. Melhor jogador da Série A de 2018, Dudu fez apenas dois gols e deu só um passe decisivo em 11 jogos do Palmeiras na Libertadores do ano passado.

Mano e Renato são os técnicos há mais tempo no comando de clubes do Brasil. Mano está desde julho de 2016, Renato desde setembro do mesmo ano. Além deles, só Odair Helmann tem mais de um ano de trabalho nos 20 times da Série A. As ideias de Mano e Renato são complementares. Jogadores engessados aqui se soltam quando atuam em times bem organizados na Europa.

Aos 22 minutos de Real Madrid x Barcelona, na quarta-feira (27), Vinicius Junior enfrentou quatro marcadores. Puxou a bola para o pé esquerdo e, num toque, ficou só com o lateral Semedo como adversário. Então, trouxe a bola de volta para o pé direito e finalizou perto da trave de Ter Stegen. Vinicius Junior nasceu aqui. Jogava o Brasileiro até sete meses atrás. Improviso não lhe falta e a técnica não lhe foi dada em Madri, com uma varinha de condão.

Lá, a solidez coletiva oferece o espaço para a ação individual. No Brasil, não falta talento. Falta treino. Não faltam ideias. Falta tempo.

O Flamengo é a primeira esperança do fim dos fiascos, porque será o primeiro time brasileiro a entrar em campo na fase de grupos desta Libertadores, contra o San José, nesta terça (5) na Bolívia. Neste início de 2019, o São Paulo já foi eliminado da Libertadores, o Santos caiu na Sul-Americana, o Corinthians classificou-se sem vencer nenhum de seus jogos contra o Racing.

Mais do que os fracassos, desaponta perceber que não vemos o que a Europa descobre rápido: que aqui há jogadores de alto nível internacional. Arthur, Vinicius Junior, Paquetá e Militão disputaram o Brasileiro do ano passado. A pergunta não é por que os times brasileiros perdem, tendo mais investimento do que os vizinhos, mas por que razão temos menos equipes competitivas, mesmo com todo esse talento.

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