PVC

Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

PVC

Mudanças parecem não influenciar na final do Paulista

Desde o início do ano, o São Paulo andou em curvas e o Corinthians em linha reta

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Símbolo do renascimento do Barcelona na década passada, o livro "A Bola Não Entra por Acaso" poderia ganhar uma versão são-paulina neste ano: "Como Fazer Tudo Errado e Ser Campeão." Só não pode se chamar "A Bola Também Entra por Acaso", porque nas semifinais a bola nem sequer entrou. Foram dois placares de 0 a 0. 

"A Bola Não Entra por Acaso" foi escrito por Ferran Soriano, dirigente do Manchester City.

Claro que há aqui uma dose de exagero e ironia. Vagner Mancini teve a sensibilidade de perceber quais eram os garotos prontos. Tirou Helinho, escalou Igor Gomes, deu confiança a Antony, efetivou Luan e Liziero. 

São-paulinos comemoram a classificação do time à decisão do Campeonato Paulista
São-paulinos comemoram a classificação do time à decisão do Campeonato Paulista - Danilo Fernandes/Brazil Photo Press/Folhapress

Já se percebe que Cuca fará diferente no Brasileiro. O time será mais dinâmico do que era com Diego Aguirre e André Jardine, mas também será mais experiente do que com os garotos de Mancini.

A não ser que os menudinhos ganhem o Estadual e virem receita de sucesso.

Por mais que Cuca afirme que trabalhou junto e participou das decisões técnicas, foi Mancini quem garantiu confiança aos garotos no dia-a-dia.

As mudanças de escalações, de técnicos e de rumo no primeiro trimestre parecem não ter influência na decisão. Mas têm. O São Paulo andou em curvas e o Corinthians em linha reta. 

Fábio Carille enfrentou dificuldade para transformar 12 jogadores contratados em uma equipe sólida, classificou-se nos pênaltis depois de ser massacrado pelo Santos, mas mostrou crescimento em 13 partidas sem derrota, entre 10 de fevereiro a 3 de abril.

A regularidade dos times brasileiros não sustenta um Carnaval, e a do Corinthians durou mais do que a Quaresma: 52 dias. Pode ser campeão na Páscoa.

Neste mesmo período, o São Paulo saiu da eliminação na Libertadores, no dia 13 de fevereiro, terminou a primeira fase em nono lugar, não venceu nenhum clássico e pode ser campeão.

Houve nove finais estaduais entre São Paulo e Corinthians, cinco vencidas pelo Parque São Jorge e quatro pelo Morumbi. Duas delas desmentem a chance de vitória do time que se reorganiza durante a campanha.

Ambas tiveram o técnico Cilinho, pai da primeira geração de Menudos de Silas e Muller, como protagonista.

Em 1987, Cilinho dirigia o São Paulo. Reassumiu o time dez meses depois de ser demitido, substituiu Pepe, campeão brasileiro de 1986. Chegou à final do Paulista contra um Corinthians renascido, penúltimo colocado no primeiro turno, quarto colocado no geral e que havia eliminado o Santos com goleada por 5 a 1 nas semifinais.

O Corinthians estava forte, mas não o suficiente para sair das trevas para o título. O São Paulo foi campeão com vitória por 2 a 1 e empate por 0 a 0.

Em 1991, Cilinho dirigia o Corinthians. Assumiu no começo do Estadual e tentou melhorar o time de Neto, campeão brasileiro do ano anterior. Esbarrou na suspensão do camisa 10, após cuspir no árbitro José Aparecido de Oliveira. Aquele Corinthians empatou 14 vezes e perdeu três nas 26 rodadas da fase de classificação. Cilinho melhorou o time nas finais, depois de lançar o menino Marcelinho Paulista.

A final parecia equilibrada. Raí fez três gols no primeiro jogo e o Corinthians foi vice, de novo com 0 a 0 na decisão. 

Não costuma dar tempo de construir um time em plena campanha, como o São Paulo está fazendo. Mas Cuca sabe brincar de ser Sampaoli.

Na semifinal, o treinador argentino largou seus dois zagueiros contra os atacantes Clayson e Gustavo, deixou apenas Alisson como vigia, liberou Victor Ferraz para atacar. Revirou a pirâmide, fez um 2-3-5, com sua equipe no mano a mano para matar a sobra do rival.

Cuca não fará isso no início do clássico deste domingo (14), mas pode fazer no segundo tempo, se o empate persistir.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.