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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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São Paulo de Cuca tem menos responsabilidade que Palmeiras de Felipão

Time tricolor está num processo de remontagem e terá a estreia de seu treinador

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O retorno de Buenos Aires, após a derrota para o San Lorenzo, impõe a Felipão o desafio de trazer seu elenco de volta ao compromisso. A avaliação da comissão técnica foi de que houve menosprezo pelo jogo, depois do alerta de que o rival, 22º no Campeonato Argentino, atuaria em alto nível na Libertadores. Há 20 anos, no início da campanha do título continental, Felipão também se irritou com o que julgou falta de compromisso do elenco.

Em março de 1999, antes de um jogo contra o Guarani, o assessor de imprensa do Palmeiras, Acaz Fellegger, divulgou peso ideal e peso atual de cada jogador. Quase todos estavam acima do recomendado. O episódio aconteceu quatro dias depois de derrota para o Corinthians pela Libertadores e foi registrado pelo então repórter André Rizek como "os gordinhos de Felipão." A bronca pública deu resultado. O Palmeiras venceu o Guarani por 2 a 1 e depois passou 14 partidas sem perder.

Luiz Felipe Scolari gesticula durante jogo do Palmeiras no Campeonato Paulista
Luiz Felipe Scolari gesticula durante jogo do Palmeiras no Campeonato Paulista - Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação

Difícil ter certeza se a história se repetirá. Os jogadores de hoje motivam-se de maneira diferente. O clássico deste domingo (7) é decisivo para os dois lados, mas o São Paulo tem muito menos responsabilidade. Porque esteve perto da eliminação na fase de grupos, porque está num processo de remontagem e porque é a estreia de Cuca como treinador.

O novo técnico do São Paulo conhece o ambiente do Allianz Parque e o estilo de Felipão. Três meses depois de sua chegada ao Palmeiras, em 2016, numa vitória por 3 a 0 sobre o Botafogo-PB, Cuca foi vaiado no intervalo e desabafou. Disse que os protestos eram de uma minoria que deveria se envergonhar de não apoiar. Acontece que o Allianz Parque sempre reagiu com impaciência.

Embora o setor norte cante e vibre, a arquibancada oeste, atrás do banco de reservas, ainda descasca amendoins, como dizia Felipão na campanha da Libertadores de 1999.

A reforma são-paulina deixou a equipe mais leve e veloz. O retrospecto de sete vitórias palmeirenses contra o São Paulo, em casa, significa que os são-paulinos poderão até festejar um eventual empate e decisão por pênaltis. Se fizer o primeiro gol, jogará toda a pressão para o outro lado. O Palmeiras não vira nenhum placar desde junho, quando fez 3 a 1 exatamente contra o São Paulo. São 58 partidas desde a última virada, dez vezes saindo atrás no marcador (17%).

Cuca também conhece Felipão desde que chegou ao Juventude, vindo dos juniores do Coritiba. Contratado por Levir Culpi, passou a ser dirigido por Scolari meses depois. Levaram o Juventude à terceira colocação do Gaúcho de 1986.

Meses depois, Felipão desceu a serra de Caxias a Porto Alegre, a bordo de um Chevette verde, com o preparador físico Celso Roth no banco do carona. Os dois desembarcaram no estacionamento do estádio Olímpico para substituir Juan Mujica como treinador. "Paramos o Chevette ao lado de uma caminhonete F-1000. Depois, descobrimos que a F-1000 era do centroavante Lima, que tinha brigado com Felipão três dias antes, num Juventude e Grêmio", lembra Roth. Lima seguiu titular e fez dois gols na final, Grenal vencido por 3 a 2, primeiro título de Felipão na elite do futebol brasileiro.

No Grenal seguinte, pelo Brasileiro, Cuca vestia a 8 do Grêmio, escalado por Felipão. "Acho que foi a primeira contratação do Felipão", diz Roth. Os dois duelaram como técnicos sete vezes no Brasil: cinco vitórias de Cuca, um empate e uma de Felipão, no segundo Palmeiras e Santos do Brasileiro 2018. Na China, o pai venceu o filho uma vez e empatou outra, nos clássicos entre Guangzhou Evergrande e Shandong Luneng. Hoje, o Palmeiras é favorito. Essa pode ser a grande arma do São Paulo de Cuca.

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