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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Brasileiro pode terminar com melhor média de público em 35 anos

Há tímido crescimento de público no campeonato; média de 2018 foi maior em 31 anos

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Houve protestos contra o aumento dos ingressos no jogo Corinthians x Flamengo, pela Copa do Brasil. Não dá para dizer que o preço foi o fator decisivo para não haver mais de 30 mil torcedores em Itaquera, com as duas maiores torcidas do país, porque 52% desses clássicos foram disputados na história para públicos menores do que esse.

Mas, depois do protesto, o Corinthians voltou à política anterior e o clássico contra o São Paulo pode custar R$ 40. Sócios têm 20% de desconto. Significa que haverá gente pagando R$ 32. Parece justo.

Torcedores do Corinthians em partida contra a Chapecoense, pelo Campeonato Brasileiro
Torcedores do Corinthians em partida contra a Chapecoense, pelo Campeonato Brasileiro - Amanda Perobelli - 1.mai.2019/Reuters

A voz das arquibancadas é soberana, tanto quanto a lei da oferta e da procura. O Majestoso deste domingo (26) não quebrará recorde, mas haverá 35 mil pessoas gritando Corinthians. Nenhum são-paulino, porque ainda prevalece a lei da torcida única. Também predomina uma ideia generalizada de que o público foge dos estádios. É irreal.

O público nunca foi aos estádios, ou a maior média de um campeonato no país não seria de apenas 22.953 por jogo, no longínquo ano de 1983.

Há, no entanto, um tímido movimento de crescimento. A média de público do Brasileiro de 2018 foi de 18.800, a maior em 31 anos.

As primeiras cinco rodadas deste campeonato atingiram 19.838. Se trabalhar bem, o Brasileiro pode terminar com o melhor índice desde sua melhor marca em 35 anos.

Por trabalhar bem, leia-se, estudar o que leva gente ao estádio e o que não leva. A Alemanha tem a maior média do planeta e não chegou a 43 mil do dia para a noite. O livro Tor, do jornalista alemão Ulrich Hesse, trata do fenômeno do crescimento de público desde 1986, ano em que o tenista germânico Boris Becker foi bicampeão em Wimbledon e espalhou a percepção de que os alemães preferiam o tênis.

A média da Bundesliga era de 18 mil por partida. Subiu um pouco nos anos seguintes e estacionou em 24 mil depois da unificação leste e oeste.

Até que se começou a estudar e atender cada necessidade, com o objetivo de avançar um pouco a cada ano. Ninguém fica milionário se não juntar o primeiro real. Nenhum campeonato chega a 30 mil de média de público sem ultrapassar a casa dos 20 mil. Isso aconteceu na Alemanha, na Inglaterra, na Espanha e, em ordem inversa, na Itália, onde a febre do calcio desabou neste século.

Criamos no Brasil duas ideias antagônicas: 1. Os cartolas são todos incompetentes; 2. Há um plano de elitização do futebol. Se a cartolagem é incompetente para tudo, como foi capaz de criar um maquiavélico plano para elitizar as arquibancadas? E, como, apesar disso, os índices de público aumentam? Timidamente, mas sobem.

Meu tio, Silvio, costumava dizer: “Vamos ao estádio, tomamos sol e chuva, pegamos fila, sentamos no cimento sujo e, no jogo seguinte, a gente volta. A gente gosta pra caramba, né?”

Esse público, o futebol sempre teve. Gente de 14 a 45 anos, classe média e média baixa, misturada com alguns muito pobres e outros muito ricos. Isso resulta nos históricos 15, 16 mil por partida. Os estádios melhoraram, mas o desafio ainda é cativar também outros perfis. Os muito pobres, os muito ricos, ter estádio cheio em jogo grande e no começo de campanha.

O jornalista Rodrigo Vessoni se lembra de que, em 2001, passou 11 horas numa fila e presenciou conflitos com a polícia, para comprar ingressos para a final da Copa do Brasil, entre Corinthians x Grêmio. Havia 80 mil pessoas no Morumbi. Oito anos depois, também final da Copa do Brasil, adquiriu seu bilhete pela internet para Corinthians x Inter. Sem fila nem briga. Havia 37 mil no Pacaembu. Nos dois casos, 100% de ocupação do estádio.

Neste domingo (26), Corinthians x São Paulo devem levar 35 mil torcedores a Itaquera. O estádio tem 48 mil lugares. O potencial de crescimento é enorme.

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