PVC

Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

PVC

O fracasso da Argentina não é de Messi, mas do futebol do país

Não há ciclo completo, de uma Copa a outra, no comando da equipe desde Bielsa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A revista Placar abriu a edição da vitória da Argentina sobre o Brasil, na Copa do Mundo de 1990, com um título genial: “Era Maradona.” Não se referia a uma época. A manchete juntava o passado do verbo ser ao nome do maior jogador da década de 1980, para contrapor à era Dunga, como se convencionou chamar com ironia o período da seleção de Lazaroni.

Era Maradona quem conduzia a bola entre o meio de campo e a entrada da área, era Maradona quem dava o passe genial para Caniggia fazer o gol sobre Taffarel. Maradona perdeu 3 vezes, empatou 1 e fez 1 gol nos 5 clássicos contra o Brasil.

Messi já fez mais. Destruiu a era Dunga como treinador, na semifinal olímpica de Pequim-2008. Nos confrontos entre as equipes principais, jogou 9 vezes, ganhou 3, perdeu 5 e fez 4 gols, em 2 amistosos. Não marcou em 7 das 9 vezes em que enfrentou o Brasil.

Impõe-se a Messi uma culpa que ele não tem. O fracasso de sua seleção não é seu, mas do futebol argentino, incapaz de definir uma ideia de jogo. Não há um ciclo completo de uma Copa a outra, desde que Bielsa concluiu quatro anos brilhantes com um improvável fracasso na fase de grupos de 2002.

Bielsa seguiu até 2004 e entregou o cargo com a medalha de ouro olímpica no peito. Depois, vieram Messi, 9 treinadores em 15 anos e nenhum troféu. Em seus 17 anos de seleção, Maradona só foi dirigido por Cesar Luis Menotti, Carlos Bilardo e Alfio Basile. Foi campeão mundial uma vez e vice outra.

Na história da Copa América, a Argentina tem 15 vitórias e 9 derrotas contra o Brasil. O retrospecto contempla principalmente as primeiras décadas do velho Campeonato Sul-Americano. O 11º triunfo desta estatística foi em 1957, com Sívori, Maschio e Angelillo. No ano seguinte, o Brasil foi campeão mundial pela primeira vez, com Didi, Mané e Pelé, enquanto os três argentinos, apelidados caras sujas, desfilavam na Itália.

Nos últimos 60 anos, depois de sua primeira Copa do Mundo, a seleção brasileira ganhou 6 e perdeu 4 de 16 clássicos pela Copa América. Os argentinos não conquistam um título sem limite de idade desde 1993 e não ganham do Brasil pelo torneio continental desde 1991.

Não é culpa de Messi.

Durante a seca argentina, o Brasil ganhou dois títulos mundiais e quatro vezes a Copa América. Então, esqueceu-se do caminho das vitórias.

Hoje, há uma mudança de estilo em curso. A seleção de Tite só jogou bem nos 5 a 0 sobre o Peru. A ideia de jogo, no entanto, é boa. Construir as jogadas desde os zagueiros, trocar passes para abrir as defesas e finalizar mais do que qualquer outra seleção do torneio. Nesta semana, Dunga, seu antecessor, declarou que um desarme e uma defesa também são jogo bonito. Embora tenha lá sua parcela de razão, não é disso que o Brasil está à procura.

O problema é que o jogo de Tite ainda não se reflete em qualidade. Arthur é ótimo até a intermediária. Depois, não dá passe decisivo nem faz gols. Em toda a temporada no Barcelona, deu uma assistência. Em 13 atuações na seleção, nenhuma.

Na terça (2) serão dois gigantes à procura do tamanho de suas forças. Não será verdade se alguém disser que a crise de ambos não tem precedentes. Tem. O Brasil já apanhou de 4 a 0 do Chile, e a Argentina, de 3 a 0 da Colômbia, na Copa América. Em eliminatórias, já levaram cinco dos colombianos, em Buenos Aires.
Como nas outras fases ruins, não falta talento para os dois renascerem. Nos últimos 15 anos, a seleção enfrentou seu maior rival três vezes no Mineirão. Ganhou por 3 a 0 e 3 a 1 e empatou por 0 a 0. Pode ser o último Brasil x Argentina de Messi. Quem sabe seja a primeira boa atuação de uma nova seleção que não consegue, mas pretende, jogar bem.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.