Pode não ser coincidência Neymar admitir chegar “meio bêbado” ao encontro com uma moça num hotel em Paris, às 20h de uma quarta-feira, e colecionar lesões que não o perseguiam antes.
Uma torção de tornozelo pode ser acidental. Também pode ser provocada por um corpo sem o equilíbrio ideal, seja por ter passado quatro meses sem jogar, seja porque andou “meio bêbado” num dia de treino. E também na quinta, no segundo encontro com a garota, quando afirmou estar “muito louco”.
Neymar teve sua suspensão de três jogos, por ter dado um murro num torcedor francês, iniciada no dia 12 de maio.
Como o PSG ainda tinha dois jogos a fazer, Neymar estava suspenso, mas não de férias, na quarta, dia 15. Havia outra razão para não chegar “meio bêbado”: querer jogar bem a Copa América.
Dois dias antes da convocação da seleção, que aconteceu em 17 de maio, um craque ausente por quatro meses, com atuação de gala na final da Copa da França, mas com derrota, tinha tudo para estar com a cabeça centrada em uma grande competição.
Todas essas ponderações remetem à carta publicada por sua mãe, Nadine, em suas redes sociais: “Concentre-se no que você mais ama na vida que é jogar futebol”. Neymar parece ter se esquecido disso.
Mesmo assim, numa temporada em que sofreu fratura no pé, abusou no Carnaval, xingou o juiz de PSG x Manchester United por suas redes sociais e foi suspenso pela Uefa, deu murro na boca de torcedor, criticou publicamente os mais jovens de seu vestiário e foi acusado de estupro, apesar de tudo isto, Neymar jogou muito.
Mesmo sem estar no seu mais alto nível físico, e certamente de concentração, disputou 33 partidas e fez 35 ações decisivas. Foram 25 gols e dez assistências.
Mas ele próprio tem tornado impossível gastar cinco linhas para falar de sua exuberância técnica. Sempre tem uma notícia fora de campo.
Terminada a final da Champions, a imprensa europeia cogitou o melhor zagueiro do mundo receber o prêmio de melhor jogador do ano, da Fifa. Só Neymar e Messi brilharam contra a defesa comandada por Van Dijk, na temporada. Neymar foi o melhor em campo nos 2 a 1 do PSG sobre o Liverpool, na fase de grupos.
Em comparação com a Copa na Rússia, Neymar está mais forte e mais rápido. O que até desmente a primeira observação deste texto, porque ele parece bem como atleta, mesmo chegando “meio bêbado” ao hotel em Paris numa quarta e numa quinta. Imagine se estivesse pensando só em futebol.
Neymar tem quatro anos, no mínimo, para fazer tudo o que dele sempre se esperou. Como diz sua mãe, para enxergar na profissão seu maior prazer.
Se Messi, aos 31 anos, é o grande candidato a melhor do mundo junto com Van Dijk, Neymar poderá jogar em alto nível aos 28, aos 29 e aos 30, na Copa do Qatar. A idade não será problema. Comportar-se como Messi é muito mais desafiador.
Nosso leitor
Quando o presidente da Fifa, Gianni Infantino, diz que estudou as receitas dos clubes brasileiros e não entende por que jogadores saem para o segundo escalão da Europa, parece ler o que se tem escrito neste espaço.
Não se trata de tirar a opção dos jogadores, mas de cobrar dos clubes e da CBF que façam um campeonato onde os craques queiram estar. Manter Vinicius Junior, em vez de comprar De Arrascaeta.
Por 30 anos, dissemos que não havia condição de concorrer com a Europa. Quando Neymar se foi, ganhava mais no Santos do que Cristiano Ronaldo no Real Madrid. Foi embora porque aqui não tinha um campeonato tão grande quanto ele.
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