O Palmeiras não vira um jogo desde 2 de junho de 2018, quando o técnico ainda era Roger Machado. A incapacidade de transformar resultados negativos em triunfos fez falta duas vezes na semana passada. Na terça (23), Felipão viu sua equipe levar 2 a 0 do Godoy Cruz, empatar por 2 a 2 e ter chance de virar. Não conseguiu. Contra o Vasco, no sábado (27), sofreu gol no terceiro minuto, empatou de pênalti com Scarpa, teve mais chances e não virou.
Felipão dirige o Palmeiras há 67 jogos oficiais, dos quais 16 vezes saiu atrás no marcador. Empatou nove e perdeu sete. Há, portanto, uma ponderação sobre a ausência de viradas. Um time que sai na frente em 77% de seus jogos tem menos chance de virar. Além disso, o Palmeiras não sofreu gols em dois terços de suas partidas em 2019. Se não sofre gol, não vira jogo.
Melhor não continuar tentando viradas, como aconteceu contra Godoy Cruz e Vasco. Melhor sair na frente e voltar a ser a defesa que ninguém passa. Mas seus rivais diretos pelo título são times da virada. Novo líder do Brasileiro, o Santos fez isso duas vezes neste ano, contra o Altos, na Copa do Brasil. Perdia por 0 a 1, inverteu para 7 a 1, iniciando a partida com 3 zagueiros. E no Paulista, contra o Oeste, de 0 a 2 para 3 a 2, com o mesmo sistema tático usado contra o Avaí.
Sampaoli diz que ataca num 2-3-5. Parece loucura, mas acontece, de fato, com seu 1º volante na linha dos laterais e 2 beques na saída de bola. Esse desenho, como sistema tático, foi abandonado pouco depois da adoção do WM (3-2-5), a partir de 1925.
Claro que não se está dizendo que Sampaoli voltou um século no tempo. Ele não sistematiza o 2-3-5 durante a partida toda, mas a movimentação permite ver a equipe assim, várias vezes. É ousadia. Muda quando enfrenta equipes de contra-ataques rápidos. Contra o Avaí, apostou nos 2 zagueiros e sofreu com saídas velozes do rival. Levou gol de empate num contragolpe. Pode ter abusado da confiança contra o lanterna do Brasileiro. Mas o fato é que venceu e assumiu a liderança.
O Santos virou a classificação em três rodadas depois da Copa América, retirando desvantagem de cinco pontos. É o time da virada, na tabela.
O Palmeiras não vira jogos, mas já mostrou poder de reação, ou não teria tirado distância de oito pontos, quando Felipão assumiu, para ser campeão brasileiro, no ano passado. Pode virar de novo, como fez em 2018.
É o que nos resta: o campeonato mais imprevisível do mundo. E que produziu dois jogos esplêndidos na tarde de domingo: Flamengo 3 a 2 Botafogo, Santos 3 a 1 Avaí.
A sequência de cinco jogos sem vencer, a primeira do Palmeiras em três anos, mudou a cara do campeonato que, para muita gente, estava decidido na nona rodada.
Não há nenhum indício de que o Brasileiro vá se polarizar entre dois clubes, exceto o dinheiro. Basta ver como o Flamengo vende seu zagueiro titular, porque o valor soa como irrecusável, passa a confiar no espanhol Pablo Marí, que só estreou no domingo (28) e perde o titular absoluto, Rodrigo Caio, por lesão muscular.
Enquanto houver mais dinheiro do que sabedoria, haverá mais equilíbrio do que supõe nossa vã filosofia.
São Paulo ainda deve
O polêmico pênalti marcado no toque de mão de Allan, do Fluminense, deu a vitória ao São Paulo numa partida que não merecia. O Fluminense jogou melhor. O São Paulo ainda é mais defensivo do que se viu a maior parte das equipes dirigidas por Cuca. Verdade que ainda é montagem de time.
Godoy Cruz
O rival do Palmeiras na Libertadores perdeu para o San Lorenzo no último minuto, no sábado (27). Mas só escalou um titular da Libertadores: o zagueiro Cardona. Felipão tem afirmado que só fará rodízio em caso de necessidade confirmada pelos exames físicos. Contra o Vasco, escalou 3 titulares.
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