PVC

Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

PVC

Seleção brasileira sem rótulos para voltar ao Maracanã

Brasil terá que vencer a Argentina para retornar ao estádio na final da Copa América

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O domingo (30) marcou seis anos sem a seleção jogar no Maracanã. Desde a reforma, enfrentou a Inglaterra na reinauguração da maior casa do futebol e ganhou da Espanha, num domingo épico, em que a arquibancada entoava o samba “O Campeão”, de Neguinho da Beija-Flor.

Os versos “Domingo, eu vou ao Maracanã...” terminavam com a torcida cantando Brasil. Para voltar ao estádio, na final da Copa América, terá que vencer a Argentina na terça.

O primeiro gol daquele 3 a 0 sobre os campeões mundiais da época nasceu de uma virada da esquerda, por David Luiz, para a direita, Daniel Alves. Felipão disse que a jogada foi planejada para a baixa estatura de Jordi Alba.

Uma das coisas que funcionaram na seleção nesta Copa América foi a mesma inversão de lado, com passes diagonais dos zagueiros. Tite ouviu uma pergunta depois da vitória sobre o Peru e entregou a resposta a seu assistente, Cléber Xavier: “Foi uma das coisas que mais treinamos”, disse.

O Brasil de hoje faz jogo posicional. Se não é radical, é isso o que se apreende de uma seleção que parte das ideias de amplitude e profundidade, entrelinha, suporte e formações de triângulos para o passe. Isso acontece desde o campo de defesa.

Ninguém criticará Tite por seu time dar chutões, como virou praxe dizer sobre Felipão. Um passe preciso, longo, sobre a cabeça do lateral, não é um chutão. É lançamento.

Não se precisa usar a denominação de jogo posicional para a seleção. Não é necessário usar rótulos. Não é por vestir a camisa amarela da seleção que alguém é de direita ou de esquerda. O amarelo era a cor da campanha das Diretas Já, em 1984. Assim como é absurdo dizer que azul é de menino e rosa é de menina, é ridículo pensar que amarelo é de direita e vermelho é de esquerda. Minha coleção de camisas de futebol tem Argentina, Bélgica, França e Brasil. Uso amarelo e não sou de direita.

Sem rótulos, a seleção tem jogado mal, embora tenha boas ideias.

Como a de marcar por zona, inclusive nas bolas paradas. Quando o Brasil sofreu o gol de escanteio da Suíça, questionou-se o sistema. A seleção segue jogando assim e sofreu apenas dez gols em 40 partidas, 70% de bola parada.

Messi não será marcado individualmente. Jogará atrás de Casemiro, na zona dos dois zagueiros, Marquinhos e Thiago Silva. Se estiver bem, será difícil marcá-lo de qualquer jeito.

A Argentina faz 39% de seus desarmes no campo de ataque. Desarma mais porque tem menos a bola. Troca 401 passes por partida, contra 595 da seleção brasileira. Com menos bola precisa mais de desarmes. O número de recuperações indica que perde a bola e sobe para recuperá-la. 

A seleção de Tite terá mais trabalho do que nunca para fazer a bola sair limpa da defesa para o ataque. Haverá o risco de um erro de passe que se transforme em gol argentino. Como Toninho Cerezo contra a Itália.

Imagine que Telê Santana seguisse pelos quatro anos seguidos na seleção, em vez de ser substituído por Parreira, Edu Coimbra, Evaristo, então retornar para as eliminatórias, voltar à Arábia e ser recontratado depois da eleição de Otávio Pinto Guimarães... Tem gente que vê Telê em 1982 e 1986 e julga que houve um trabalho contínuo. Se houvesse, talvez o futebol brasileiro fosse diferente. Ou, talvez, houvesse mais Fora, Telê!

Folhapress
Folhapress

FALHA DE CARILLE

Não faz sentido o técnico Fábio Carille dizer que a parada da Copa América não foi aproveitada como pensava nem que seu elenco não tem a característica de brigar para fazer gols, como disse no fim de semana. O Botafogo-SP mostra trabalho para voltar à Série A e venceu amistoso no sábado (29). O Corinthians tem elenco para ter melhores resultados.

INFLUÊNCIA ESTRANGEIRA

Jorge Jesus fez jogo-treino no sábado, do Flamengo contra o Madureira. Marcou pressão, usou um volante só, mas foi curiosa sua declaração: “Temos cinco primeiros volantes e nenhum segundo volante.” Ele pensa diferente sobre situações iguais no Brasil e em Portugal. Se prestar atenção, pode ajudar muito. Mas, se não houver paciência...

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.