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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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O jogo que não acabou

Final do Paulista de 2018 ainda incomoda Palmeiras, que não vê rival como algoz

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Dia 26 de julho foi aniversário de dez anos do último pênalti apitado para o Palmeiras contra o Corinthians. No inverno de 2009, o Palmeiras venceu o clássico por 3 a 0, em Presidente Prudente, com três gols de Obina. Um deles, de penal, marcado por José Henrique de Carvalho.

De lá para cá, o Corinthians venceu 15 e o Palmeiras 11, de 36 dérbis.

É coincidência. Não dá para atribuir aos erros de arbitragem, que acontecem para todos, a vantagem de um ou outro clube. Até porque os 102 anos de história do mais tradicional clássico paulista registram 127 triunfos para cada lado. 

Jogadores do palmeiras cercam o juiz Marcelo Aparecido de Souza após este voltar atrás numa marcação de pênalti para a equipe durante a final do Paulista de 2018
Jogadores do palmeiras cercam o juiz Marcelo Aparecido de Souza após este voltar atrás numa marcação de pênalti para a equipe durante a final do Paulista de 2018 - Joel Silva/Folhapress

Mesmo assim, já se falou no Parque Antártica sobre o árbitro deste domingo (4), o gaúcho Anderson Daronco. Porque apitou Corinthians 3 a 2 Palmeiras, pelo Brasileiro 2017, com gol em milimétrico impedimento de Romero, validado, e pênalti legítimo convertido por Jô. Daronco apitou bem.

Nestes dez anos, o Corinthians marcou 37 vezes contra o Palmeiras, teve 6 penais apitados a seu favor e 4 convertidos, 10% dos gols.

O Palmeiras teve apenas um pênalti marcado e depois cancelado por Marcelo Aparecido de Souza, na polêmica decisão do Paulista de 2018. Não havia árbitro de vídeo e houve investigação para saber se existiu interferência externa.

Aquele jogo não acabou até hoje. Mas diretoria e elenco palmeirenses nunca trataram o Corinthians como culpado. Os vilões apontados são a Federação Paulista e a arbitragem.

Depois da perda do Estadual de 2018, o Palmeiras nunca visitou Itaquera com raiva. Uma hipótese para o retrospecto de Carille ser extremamente favorável é que o técnico consiga fazer seu time entender que os dérbis não são jogos comuns. Sob seu comando, o Corinthians ganhou 7 e perdeu 1 de 8 clássicos.

O que fez palmeirenses discutirem, depois da derrota do último encontro, em fevereiro no Allianz Parque, se os corintianos sentem mais, se entendem melhor o significado de ganhar do maior rival. Como dizia o personagem de Lima Duarte, no filme “Boleiros”, de Ugo Georgetti: “A senhora não sabe o que é um Palmeira e Curintia.”

Há relatos no Palmeiras de que Itaquera está longe de ser o estádio mais hostil. O Corinthians é bom anfitrião. Foi muito mais duro visitar o Beira-Rio, pela Copa do Brasil, do que será chegar e sair da casa corintiana. Dudu e Gil são amigos, Bruno Henrique e Willian trabalharam no Parque São Jorge. A rivalidade hoje é das torcidas, não dos jogadores.

Era diferente na primeira passagem de Felipão, com 21 clássicos em três anos, 14 entre o início de 1999 e o meio de 2000.

Período marcado por vitórias palmeirenses... nos pênaltis. Não nos apitados a seu favor, mas nas disputas de desempate nas quartas de final da Libertadores de 1999 e nas semifinais do ano seguinte. Havia um sentimento nada bom: raiva. Não é o que deve mover alguém para a vitória, mas às vezes ajuda.

Houve um Fla-Flu em janeiro de 2010 que o Fluminense vencia por 3 a 1, no intervalo. Adriano Imperador entrou no vestiário indignado e gritando: “Não podemos perder para esse cara.” A frase era sobre Cuca, técnico do Flu, dispensado pelo Fla seis meses antes e sem deixar amigos. O Flamengo virou para 5 a 3 e Adriano marcou três vezes.

O Corinthians sabe que, se vencer o dérbi, poderá ficar dois pontos atrás do rival. Isso se ganhar também do Goiás, jogo adiado da sexta rodada, que será disputado na quarta (7).

A distância entre os dois clubes era de 13 pontos durante a Copa América. É injusto dizer que o Palmeiras não sente a importância das partidas contra o Corinthians, porque venceu três dos nove dérbis em Itaquera. Mas focar a rivalidade ajuda mais a ganhar do que pensar na arbitragem.

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