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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Quebra-cabeças tático foi o astro da rodada das estreias

Campeonato tem repertório tático mais amplo do que nos últimos anos

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Líder do Brasileiro, o Santos de Jorge Sampaoli teve uma escalação diferente no início do jogo contra o Cruzeiro, no Mineirão. Para contrapor Rogério Ceni, a quem conhece a personalidade e a capacidade de surpreender, o técnico argentino tentou o antídoto no primeiro minuto.
 
O Cruzeiro não costuma ter velocidade, o Santos, então, apareceu com Lucas Veríssimo de lateral direito e Jorge de quarto zagueiro. Felipe Jonathan fazia o dublê de lateral esquerdo e meia, numa linha defensiva de quatro na defesa e só um zagueiro de ofício quando atacava.
 
O problema foi que Gustavo Henrique foi expulso na 1ª jogada de perigo e Sampaoli não se conformou. Quando levou Pará para o aquecimento, produziu espanto nas transmissões de rádio e TV: “Pará!?” Sampaoli deslocou Lucas Veríssimo para o meio da defesa, abriu Pará como lateral direito e manteve a estrutura anterior, com Jorge na zaga.
O técnico do Cruzeiro, Rogério Ceni - Washington Alves/Reuters

Precisou de Pituca numa linha de meio de campo, mas Sampaoli manteve a agressividade. Rogério já tinha sido ousado ao escalar o lateral Dodô como 2º volante para melhorar o passe no meio. Com um homem a mais, trocou Egídio por Fred, levou Dodô para a esquerda e jogou 2 atacantes contra o único zagueiro santista. Ganhou o jogo.

Raras vezes o Brasileiro mostrou tanta alternância tática e mudanças de estratégia de ataque. Acostumamo-nos a pensar em tática como a montagem defensiva. “Quando se tem tantos bons jogadores, às vezes esquecemo-nos da estratégia do ataque, porque os craques resolvem sozinhos”, diz o treinador do Flamengo, Jorge Jesus.

Às vezes, a estratégia serve para explorar deficiências do adversário. Outras, apenas para escolher o melhor lugar para o jogador de seu time render. Foi o caso de Cuca, na bem sucedida estreia de Daniel Alves, contra o Ceará.

Conversar com Tite dá noção dos lugares onde Daniel rende mais e menos. Na seleção, mesmo como lateral, só fazia a parte ofensiva pelo lado no final das jogadas pela direita. Do contrário, entrava em diagonal, como armador. Exatamente como recebeu a bola para fazer seu 1º gol pelo São Paulo.

Cuca respeitou essa característica de Daniel e também a de Antony, mantido como ponta, na linha de 4 homens à frente de Tchê Tchê, o 1º volante. Juanfran ficou como lateral e foi dele o passe para Raniel ajeitar e Daniel fazer 1 a 0.

Em Belo Horizonte, Sampaoli admitiu a derrota tática para Rogério Ceni, ao trocar Pará por Luiz Felipe, no intervalo. Mas manteve Jorge como zagueiro e voltou com Lucas Veríssimo para a lateral direita. Às vezes dá certo. Quando não, perde-se. Simples assim.

Melhor entender a derrota como parte do jogo e aceitar que a tentativa era vencer. Nem sempre funciona. Criticamos a mesmice e, quando ela desaparece, lá vem o apelido de professor pardal, eterna e preconceituosa gíria de quem não entende o que se tentou fazer.

O Santos segue líder, agora 2 pontos à frente de Flamengo e Palmeiras. Tem muita coisa boa acontecendo no Brasileiro. O histórico equilíbrio, com 5 pontos separando os 6 melhores na tabela, é apenas uma parte. A população das arquibancadas cresce e assiste a um campeonato com repertório tático mais amplo do que nos últimos anos.

 

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