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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Dinheiro não aceita desaforo

Palmeiras e Flamengo têm em suas receitas ilusória certeza de hegemonia

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Luiz Felipe Scolari começará a pôr à prova, a partir deste domingo (1º), uma velha máxima do futebol brasileiro. A de que o desgaste da derrota pendura treinadores numa forca que pressionará seu pescoço até que sucumba ao próprio fracasso.

A derrota para o Grêmio na Libertadores fez todos os dedos serem apontados em direção ao técnico. Também na de Alexandre Mattos. Eles têm culpa. Felipão substituiu errado e não conseguiu mobilizar jogadores como no ano passado.

Mattos gastou R$ 83 milhões em 2018 e nenhum dos reforços é titular. O mais caro, Carlos Eduardo, custou R$ 25 milhões e marcou um gol.

 

Felipão e Mattos são parte significativa da derrota. Não a razão dela, como também não foram o motivo da vitória de 2018. A pergunta continua sendo: qual o projeto Palmeiras?

Qual sua estratégia para ser forte pelas próximas décadas?

A resposta hoje é: entregar o dinheiro da Crefisa para Alexandre Mattos contratar.

Isso foi suficiente para ser campeão brasileiro duas vezes em três anos, o que não é pouco, mas insuficiente para ser referência. O dinheiro não compra a hegemonia, se não estiver ligado ao fortalecimento de todas as plataformas. Do marketing à formação e contratação de jogadores para uma filosofia de jogo.

Os dois clubes mais ricos do país, Flamengo e Palmeiras, duelam neste domingo no Maracanã e têm histórias recentes semelhantes. A única diferença é que os palmeirenses ganharam três títulos nacionais e os rubro-negros venceram só em seu estado.

O Flamengo é o time do mês. No Brasil, o futebol lembra a capa do album dos Titãs “A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana.” 

O Flamengo é o melhor time de todos os tempos do mês passado. O Palmeiras era assim em junho, proclamado bicampeão brasileiro antecipadamente, como se análise de futebol fosse cassino.

O Flamengo está melhor do que o Palmeiras, criou fatos novos com Maracanã lotado em todos os jogos e com o bom técnico português, Jorge Jesus. Está no caminho. Mas a troca de Abel Braga por Jorge Jesus ainda indicou o velho vício de mudar chefes do vestiário de acordo com a repercussão, não pelo estilo de jogo.

O Grêmio é diferente. Desde 2013, revela jogadores que mantêm a característica da equipe, é campeão com eles e só depois os vende. Classificou-se para três semifinais consecutivas de Libertadores e tem o maior superavit entre os clubes do país (R$ 57 milhões), superior ao dos dois que mais arrecadam, Palmeiras e Flamengo.

Quando Milan e Barcelona entenderam que tinham potencial econômico para serem clubes globais, escolheram um estilo. Se fossem brilhantes e ofensivos, atrairiam mais fãs no mundo todo.
Não foi coincidência Arrigo Sacchi ter formado o time mais espetacular da história da Itália, e Rijkaard e, depois, Guardiola terem espalhado a cultura barcelonista pelo planeta. O dinheiro foi o meio para difundir o conceito.

Por enquanto, Palmeiras e Flamengo têm no dinheiro apenas uma ilusória certeza de hegemonia. Quando a realidade fica nua, a grana oferece argumento a vândalos e demagogos de que é preciso demitir incompetentes por se conformarem com a derrota.

É bem mais difícil, também mais prazeroso, construir o alicerce. O Palmeiras ganhou 23 títulos nas divisões de base em 2018, mas, dos formados em casa, só o lateral Victor Luís estava no jogo contra o Grêmio —e no banco.

Craque o Flamengo forma em casa, mas contra o Internacional não havia nenhum titular criado no Ninho do Urubu.

Se o presidente Maurício Galiotte determinasse que o elenco precisa ter um terço proveniente da base, Felipão teria de escalar mais gente com o estilo adotado e Alexandre Mattos não teria chance de contratar Carlos Eduardo.

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