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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Não tem Guardiola que resista

Ultrapassada é nossa máquina de moer técnico que existe no Brasil

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Fernando Diniz é o 18º técnico do São Paulo em dez anos. Desde a saída de Muricy, em 2009, só o Flamengo teve mais mudanças: vinte. Cuca insistiu em seu pedido de demissão e saiu pela sua impaciência com seu próprio trabalho. O São Paulo preferia não trocar de técnico.

Mesmo com a noção de que o elenco não gostava dos métodos de treinos, mesmo com as faíscas sempre frequentes em suas relações de trabalho. Houve curto circuito até com velhos parceiros, como Carlinhos Neves, que pediu demissão no meio do ano.

Membro da comissão de Cuca no título da Libertadores do Atlético-MG, o preparador físico parece ter sentido que não tem mais necessidade de conviver com ataques de desconfiança sem fundamento.

Esquisitices do treinador à parte, Cuca não pode ser acusado pelo fracasso do São Paulo em 2019. São quatro técnicos totalmente diferentes uns dos outros. Não é exclusividade são-paulina. Jorge Jesus também não tem nada a ver com Abel Braga e fez seu time saltar da terceira colocação para a liderança.

Até a imprensa julga estranho quando um time troca de técnico e mantém a filosofia "seis por meia dúzia", observação feita por nove entre dez comentaristas quando Mano chegou para a vaga de Felipão.

Muita coisa pode explicar o sucesso ou queda de um técnico. Jorge Jesus tem 65 anos e uma incrível sede de vencer. Cuca, 56, não pareceu desta vez ter a volúpia de quando trabalhou no São Paulo, em 2004, ou no Palmeiras, em 2016.

Já não há motivos para julgar que técnicos são a única razão de vitórias ou derrotas de um clube.

Desde seu último título nacional, em 2013, o Flamengo teve Jayme de Almeida, Ney Franco, Vanderlei Luxemburgo, Cristóvão, Oswaldo de Oliveira, Muricy, Zé Ricardo, Reinaldo Rueda, Carpegiani, Maurício Barbiéri, Dorival Júnior, Abel Braga e Jorge Jesus. 

Jayme escalava um ataque com Paulinho e Hernane Brocador, Rueda tinha Paquetá e Felipe Vizeu, Jesus usa Gabriel e Bruno Henrique. Não mudaram só os técnicos. Mudou o Flamengo.

O Cruzeiro é um caso inverso. Rogério Ceni assumiu com o diagnóstico de que torcida e jogadores não aturavam mais a retranca de Mano Menezes. Pouca gente notou que o desgaste de Mano depois de três anos e quatro troféus tinha muito mais a ver com a maior crise institucional da história cruzeirense.

Em 46 dias, o clube mineiro gastou R$ 4 milhões entre a multa para romper o contrato de Rogério com o Fortaleza, um salário e meio pago ao treinador e mais R$ 1,8 milhão para quitar a cláusula prevista para demiti-lo.

Rogério caiu ao comprar disputas no vestiário com Thiago Neves, Edílson e Dedé. O vice-presidente Itair Machado não se posicionou a favor do técnico. Do alto do muro, viu o cimento cair para o lado mais fraco. Rogério saiu sob o olhar admirado sobre seus métodos de treinamento e decepção com sua incapacidade de gestão.

Depois do empate com o Ceará, Dedé disse a Rogério que o grupo queria a presença de Thiago Neves e Edílson no time. Os depoimentos são de que o técnico resignou-se, pediu licença e saiu do vestiário em direção ao ônibus. A diretoria imaginava alguém capaz de convencer de que suas ideias estavam corretas.

Semelhante foi a queda de Oswaldo de Oliveira, no Fluminense. Entre Ganso e o treinador, a diretoria ficou com o jogador. 

O Brasileiro virou o primeiro turno com o menor número de mudanças de técnicos (11) e chegou ao recorde de quatro trocas em 24 horas: Cuca, Rogério Ceni, Zé Ricardo e Oswaldo de Oliveira. Dos quatro, pelo menos Cuca e Ceni ainda vão corrigir erros, acrescentar acertos e montar grandes times. Ultrapassada é nossa máquina de moer técnico.

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