Dudu jogou todas as partidas do Brasileiro-2019, menos uma. Contra o CSA, em Maceió, pela segunda rodada, o Palmeiras não venceu. Surpreendentemente, só empatou por 1 a 1 com o clube alagoano, que voltava à elite do futebol brasileiro depois de 33 anos.
Além do tropeço em Alagoas, o Palmeiras só jogou sem Dudu, neste ano, contra Mirassol e Ponte Preta, pelo estadual. Ganhou apenas da Ponte, com gol de Raphael Veiga.
Mano Menezes quebrou um tabu em sua estreia pelo Palmeiras: virou uma partida. Havia 20 jogos que o time não virava, dez empates e dez derrotas, a primeira delas sob o comando de Roger Machado.
Depois de virar contra o Goiás e de três vitórias seguidas, para muita gente parece obrigação ganhar do Fortaleza. Pelo Brasileiro, em cinco jogos no Ceará, o Palmeiras nunca venceu o Fortaleza no campeonato mais importante do país. Para perseguir o Flamengo, tem de vencer fora e sem Dudu.
Depois, terá de superar o CSA no Pacaembu e o Internacional no Beira-Rio. Porque a única forma de derrubar o Flamengo do topo é voltar a fazer o que fez no segundo trimestre.
Aos poucos, a contratação de Mano deixa de ser vista como “seis por meia dúzia”, como se afirmava logo após a queda de Felipão. A opinião geral vai mudando, pela troca de passes mais constante do time.
A razão é simples: ganhou três vezes consecutivas. Mas o jogo de futebol é mais complexo, e as diferenças não são tão marcantes entre Mano Menezes e Felipão quanto são entre Mano Menezes e o próprio Mano Menezes. Até sua queda no Cruzeiro, a acusação era de não conseguir fazer o time trocar passes. Mesmo que fosse o melhor ataque da Libertadores até a penúltima rodada da fase de grupos.
Nunca houve um time campeão com 11 titulares acima dos 30 anos. O Cruzeiro ganhou o primeiro jogo da final da Copa do Brasil desta maneira, no ano passado.
Se a preparação física não era ideal, natural que o Cruzeiro tivesse mais problemas para se impor com a bola no pé. Se Mano tinha outro elenco para dirigir, natural que seu outro time jogasse de maneira distinta deste Palmeiras.
Um técnico não será igual se o time que dirige não for igual. O Corinthians de Mano Menezes foi campeão com três atacantes e Cristian e Elias como volantes. Cristian nunca tinha jogado como primeiro homem e Elias era meia na Ponta Preta. Ronaldo era seu camisa 9, mas sua seleção brasileira não tinha centroavante. O elenco é diferente, o time vai jogar diferente.
Talvez esse tenha sido um dos erros de Abel Braga no Flamengo, que tentava impor a Bruno Henrique e Gabriel jogarem um como ponta e outro como centroavante. Jorge Jesus faz os dois serem avantes, de mobilidade. Suas características privilegiam isso. Então, o Flamengo passou a ter a regularidade que o Palmeiras tinha nos primeiros nove jogos do Brasileiro.
A única saída do Palmeiras é retomar aquela capacidade de vencer todas as partidas e esperar por uma oscilação rubro-negra. Este é o terceiro Brasileiro com as finais de todas as competições sobrepostas no segundo semestre. Cada um teve uma história.
O Corinthians 2017 deixou a certeza de que ganharia quem não tivesse a Libertadores simultaneamente. O Palmeiras 2018 mostrou que se pode vencer o Brasileiro e ir bem nas Copas, desde que com grande elenco. Felipão mudava os comuns e mantinha os diferentes, caso de Dudu. O Flamengo 2019 preserva poucos titulares e mostra que é possível jogar bem com a mesma base. A chance de não criar a terceira versão campeã é o Palmeiras seguir na cola. Mas precisa vencer sem Dudu.
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