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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Educação é o maior déficit do Brasil, e técnicos sofrem desse mal

O exemplo de Portugal mostra como é possível unir o conhecimento empírico com a sabedoria dos livros

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Fábio Carille pretende passar as férias estudando. Vai para a Inglaterra acompanhar jogos e treinos da Premier League. "Tenho essa abertura e pretendo usar", diz. Andrés Sanchez afirma que ele será o treinador em 2020: "Só sai do Corinthians, se quiser".

Não existe bola de cristal para prever o futuro, mas o Corinthians já prepara a sequência com Carille. Está certo.

É unânime que o time precisa de mais ímpeto. Mais triangulações, articulações, infiltrações, finalizações... mais emoções. Isso não indica mandar o técnico embora e começar tudo do zero.

A vantagem de Carille continuar é conhecer o clube e o elenco, entender o que deu certo e onde precisa melhorar. Onde ele próprio pode se aperfeiçoar. Dizer que Carille voltará outro, depois de três semanas em Londres, é um exagero. Conhecer outras experiências ajuda, mas estudar é outra coisa.

O exemplo de Portugal, cujos técnicos conquistaram 28 títulos em 69 países neste século, mostra como é possível unir o conhecimento empírico, de geração a geração, com a sabedoria dos livros, da academia.

Jorge Jesus pode ser campeão do Brasileiro, depois de Leonardo Jardim ter sido vencedor na França, Paulo Bento e Marco Silva na Grécia, Paulo Fonseca na Ucrânia, André Villas Boas na Rússia, Manuel José no Egito, Vítor Pereira na China, José Mourinho na Itália, Espanha e Inglaterra.

Nos anos 1950 e 1960, os brasileiros Otto Glória e Yustrich foram campeões em Portugal. Na década de 1990, Carlos Alberto Silva ganhou dois campeonatos pelo Porto. Felipão dirigiu a seleção portuguesa entre 2002 e 2008. 

Hoje, Jorge Jesus é favorito para se tornar o segundo estrangeiro a ganhar o título do Brasil --o primeiro foi o argentino Carlos Volante, pelo Bahia, 1959. O conhecimento moldou a nova geração de treinadores portugueses e ajudou Portugal a vencer a Eurocopa.

Carille conviveu com Jorge Jesus na Arábia Saudita. "É um amigo que fiz", diz o treinador do Corinthians. A troca de informações é uma das boas maneiras de crescer, mas o Brasil se ressente mesmo da criação de um ambiente de conhecimento sobre futebol, que não se resume mais ao boca a boca, de Zezé Moreira para Telê, de Feola para Zagallo, de Zagallo para Luxemburgo.

Mano Menezes conta que aprendeu bastante ouvindo entrevistas de Ênio Andrade pelo rádio, no interior do Rio Grande do Sul. Mas viveu seis meses em Portugal, para tirar sua licença da Uefa.

Educação é o maior déficit do Brasil e é natural que técnicos de futebol padeçam. Médicos, advogados, engenheiros e jornalistas padecem. Daí a julgar que resolva tudo, vai uma distância, como expressou José Mourinho, em 2015: "Uma coisa é o conhecimento que está ao alcance de todos e outra coisa é a capacidade de produzires o próprio conhecimento. O fato de o conhecimento estar ao alcance de todos é uma enorme contribuição para a preguiça mental".

Carille foge dessa indolência da alma. Quer buscar novas soluções. Também quer buscar jogadores com ambição pelo gol, meias e atacantes que infiltrem, articulem e emocionem.

Fernando Diniz será adversário de Carille no clássico deste domingo (13). Também busca aprimorar-se. Se um de seus defeitos é a defesa, o São Paulo só levou um gol nos três primeiros jogos sob seu comando. E de pênalti. Mas o ataque são-paulino não funciona e não é culpa do novo treinador. Em 46 jogos no ano, o São Paulo marcou 42 gols. Menos de um por partida.

É um escândalo!

Diferentemente do Corinthians, o São Paulo muda sempre. Se tentasse corrigir e não sempre romper, talvez o São Paulo estivesse melhor.

Todas são projeções para o futuro. Neste domingo (13), o clássico é entre os times que mais empataram no Brasileiro. O favorito é o empate.

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