PVC

Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

PVC

Flamengo campeão deixa legado tático e mental

Treinador da equipe carioca, Jorge Jesus devolve o gosto pelo ataque

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Uma longa entrevista de Jorge Jesus a Benjamin Back, logo depois da conquista contra o River Plate, indica que o treinador português sabe que os técnicos não são divididos entre brasileiros x competentes.

“Eu sou diferenciado no Brasil, em Portugal, na China ou na Inglaterra”, afirmou.

Em breve, alguém o chamará de arrogante. Mais correto é dizer que ele conhece seus pontos fortes.

Jesus foi convidado para substituir Rafa Benítez no Newcastle. Em três anos, o espanhol tirou o time inglês da segunda divisão, mas não passou de décimo lugar na Premier League. Lutou contra o rebaixamento e usou estilo defensivo.

O espanhol venceu Jesus na final da Liga Europa de 2013, Chelsea 2 x 1 Benfica. Venceu, mas levou um baile. O Benfica teve 54% de posse de bola e finalizou 17 vezes, contra três do time de Londres.

Há treinadores diferentes e comuns, bons e ruins. Jesus sabe que está entre os melhores. É muito melhor do que Benítez. Mais inovador do que Ernesto Valverde, do Barcelona.

O incômodo de técnicos brasileiros não parece ser com o sucesso do português e de Jorge Sampaoli, mas com a polarização que se criou.  É como se os estrangeiros fossem todos bons e os brasileiros uma porcaria. Não existe essa dualidade.

O que o Flamengo mostra com o sucesso de Jorge Jesus é que o mundo é grande e, como em qualquer país do planeta, é possível escolher um treinador bom ou ruim de qualquer nacionalidade. A pergunta é: qual o melhor técnico do mundo que cabe no orçamento?

Se a resposta for Guardiola, bingo! Que venha o catalão.

Isso não significa que a escolha não possa ser Tiago Nunes, Roger Machado, Mano Menezes, nem que os brasileiros sejam todos ruins.

Do ponto de vista tático, Jorge Jesus devolve o gosto pelo ataque. Ele mesmo inventa seus treinos e reproduz situações de jogo. Ataca em busca incessante pela bola. Marca para recuperá-la, porque só com ela se faz gol.

A base de seu trabalho é o prazer. Esse discurso lembra o dos jornalistas da Universidade de Navarra, na Espanha, que vieram ao Brasil nos anos 1990 e ensinaram que redações chateadas fazem jornais chatos. É impossível divertir sem se divertir.

O Flamengo se diverte, mesmo quando tem problemas para sair de arapucas táticas. Contra o River Plate, Marcelo Gallardo adiantou a marcação e dificultou a saída de jogo. Tirou espaço de Gerson e dos laterais.

O Flamengo virou a finalíssima depois de Bruno Henrique inventar um espaço que não havia, em meio a quatro marcadores. Essa é outra lembrança oferecida pelo Flamengo. Os técnicos planejam, mas o jogo só existe se os jogadores executarem.

Para isso, é preciso compromisso, o que se dá com relações olhos nos olhos. Isso inclui dirigentes que deem respaldo aos treinadores.

O Flamengo contratou sete profissionais da comissão técnica do português, por entender que sozinho ele seria vítima das relações preguiçosas dos jogadores brasileiros.

O futebol do Brasil é ótimo, mas tem uma série de doenças. O Flamengo usou o antídoto para algumas delas. Jorge Jesus é um dos remédios.

O estrangeiro

O Brasileiro tem hoje Jorge Jesus campeão e Sampaoli na vice-liderança. Isso em razão da combinação de resultados deste fim de semana: Santos 4 x 1 Cruzeiro e Palmeiras 1 x 2 Grêmio. Mostra que vivemos o ciclo do futebol ofensivo no Brasil. É ótimo que seja assim.

Espanholização?

Se o Palmeiras for vice, este será o primeiro Campeonato Brasileiro com dois times se revezando em primeiro e segundo lugares por dois anos seguidos. O primeiro indício real de “espanholização”. Não é uma certeza.

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.