Mano Menezes sugeriu a contratação de comentaristas portugueses para melhorar nosso debate. Bastou a ironia para o comentarista luso, Pedro Bouças, publicar no site Lateral Esquerdo análise detalhada do Palmeiras. O slogan do site é: "O cérebro sobre o físico".
Bouças admite que não assistiu a outros jogos do time de Mano, além da vitória sobre o Ceará: "Não acompanho tanto os jogos do Brasileiro. Vi o Flamengo e analisei o Palmeiras pela última vez que havia jogado", explicou. Isso não invalida críticas que fez a um Palmeiras espaçado. Tanto o analista luso quanto o técnico do Palmeiras propõem o debate.
Debater rima com bater, mas pressupõe argumentar. Lembro disso lá do século 20.
O técnico do Ceará, Adílson Batista, é um dos que entendem a avaliação de Bouças, mas discorda de alguns pontos quanto à rigidez das linhas. Julga que Mano deveria mesmo quebrar sua linha defensiva, diferente do que pensa Pedro Bouças. Seria a maneira de apertar a marcação aos mais hábeis. Para ele, às vezes se está marcando com os olhos.
A comissão do Palmeiras entende que o jogo contra o Ceará não foi o melhor exemplo de análise, porque ocorreu 3 dias após o clássico com o São Paulo. O desgaste físico e a falta de concentração atrapalharam o posicionamento. Os treinos seguintes foram de correção.
Pergunto a Pedro Bouças se há sistemas no Brasil que se parecem com jabuticabas, fruta que pensamos só haver aqui, mas há em outros países. Dizemos que Zezé Moreira inventou a marcação por zona, mas basta falar com jogadores do passado para entender que trabalhava com encaixes. O marcador de um setor deslocava-se atrás do atacante, quando este mudava de quadrante.
Isso existe no Brasil até hoje. O Grêmio foi presa fácil aos deslocamentos do Flamengo, em parte, por causa isso. Como uma jabuticaba, o encaixe existe mais no Brasil, mas não apenas aqui: "Bielsa faz isso", confirma Pedro Bouças, sobre o técnico do Leeds United.
Concorda também que, em jogos de Champions, há times crônicos. O Galatasaray levou 6 a 0 do Real Madrid e contrasta com o Slavia Praga, que empatou com o Barcelona e mereceu elogios de Adílson Batista pelas linhas avançadas.
"A diferença tática está nas grandes ligas. Inglaterra, França, Itália, muito na Alemanha, Espanha e Portugal, onde não temos grandes jogadores, mas temos organização", diz Bouças.
De acordo.
Ivo Vieira, treinador do Vitória de Guimarães, faz trabalho impecável. Há um mês, seu time encurralou o Benfica. Portugal é o oposto do Brasil. Aqui há bons jogadores e pouca organização. Pudera. Só 3 times mantêm o mesmo técnico desde o início da Série A.
Mas não é que tudo esteja errado aqui. Jorge Jesus que é diferente de todos: "Não pensem vocês que vão contratar outros estrangeiros e serão como Jesus. Ele é acima dos demais. Entre Mourinho e ele, prefiro Jesus pelo futebol. Pode lhe faltar comunicação e liderança, razão pela qual há quem diga que os jogadores só o suportam por duas temporadas. Mas é melhor do que os outros", pensa Pedro Bouças.
Começamos com crítica ao posicionamento do Palmeiras em uma das piores atuações com Mano.
Terminamos de acordo que intercâmbio faz bem, quando há bons técnicos.
Nesta década passaram aqui Paulo Bento, Gareca, Fossatti, Matthäus, Miguel Angel Portugal, português, argentino, uruguaio, alemão, espanhol. Há 10 anos, um luso-canadense chamado Max dos Santos trabalhou na base do Palmeiras.
Criticava a falta de jogo coletivo, em parte fruto das mudanças: "No Brasil, jogador médio parece ruim. Na Europa, parece bom". Os técnicos também.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.