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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Precisamos entender o que acontece no futebol brasileiro

Por enquanto, há apenas indícios de um possível ciclo virtuoso

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Bruno Henrique percorreu 50 metros do gramado do Maracanã para fazer o terceiro gol do Flamengo contra o Vasco a 38 km/h. Sua velocidade também foi medida na vitória sobre o Internacional em agosto e é maior do que a que Gareth Bale teve pelo Real Madrid.

Em 2011, ao fazer o gol da vitória sobre o Barcelona na final da Copa do Rei, Bale foi o jogador mais veloz do mundo, ao percorrer 59 metros em 7,2 segundos, 34 km/h.

Nenhum brasileiro está jogando melhor do que Bruno Henrique. Nem Neymar, porque Neymar não joga.

A novidade é que o destaque brasileiro está no Brasil.

E, no entanto, o jogador mais veloz do planeta e melhor brasileiro em atividade não está na seleção que enfrentou a Argentina. Tite não pôde convocá-lo para não prejudicar os clubes brasileiros.

Mas hoje tem Grêmio x Flamengo, com desfalques de Kannemann, na seleção argentina, e Matheus Henrique, na seleção brasileira olímpica. O Palmeiras tem partida decisiva contra o Bahia e seu zagueiro Gustavo Gomez está com o Paraguai.

O Brasil fica sem saber o que Tite faria se pudesse contar com os melhores jogadores. Se tivesse Neymar, Bruno Henrique e Gérson, jogaria com Casemiro, Arthur e Coutinho? Manteria Willian na seleção?

O final deste ano é um momento raro, porque o Flamengo de Jorge Jesus encanta mais do que o Barcelona de Ernesto Valverde e do que o Real Madrid de Zidane. Só não brilha mais do que o Liverpool e o Manchester City.

O Barça tem 74% de ocupação do Camp Nou no Espanhol, e o Flamengo ocupa em média 83% do Maracanã.

Verdade que o Barcelona tem média de 73 mil pagantes e o rubro-negro, 54 mil. Mas a curva ascendente no Brasil precisa ser analisada e aproveitada. O campeonato é o de mais público em 36 anos e, pela primeira vez, cinco clubes têm mais de 30 mil pessoas de média.

Ao final do Brasileiro, é necessário juntar dirigentes, treinadores e especialistas para uma reunião de avaliação. Não de contemplação, mas de entendimento do que funcionou para cada um e do que precisa melhorar.

O ciclo está avançando e só a seleção não bebe dessa água. As datas Fifa não são respeitadas. Nem serão em 2020, dado que a final da Copa do Brasil acontecerá dois dias depois de jogo das eliminatórias.

Ainda somos o país em que a imprensa contempla Liverpool 5 x 5 Arsenal e, duas semanas depois, destaca as falhas defensivas de Flamengo 4 x 4 Vasco. É correto ver os erros nos dois jogos. Mas vale muito a emoção de um jogo como há muito tempo se pede que exista no Brasileiro.

O ciclo vicioso aqui é mais ou menos assim. Sem dinheiro, o clube vende seu craque, os jogos perdem emoção, o público se afasta, o clube perde dinheiro e vende seu craque outra vez.

Hoje, há mais clubes bem resolvidos financeiramente. Flamengo, Palmeiras, Grêmio. E o São Paulo não está tão distante de se acertar.

Nestes casos, o clube mantém seus jogadores, os jogos podem começar a ser melhores, o público está presente, há festa nos estádios, os jogadores podem ponderar se é melhor ficar aqui para ser campeão ou ir para a Europa lutar no meio da tabela. Este ciclo virtuoso não nasceu ainda.

Há apenas indícios, como o Maracanã ser o maior espetáculo do Brasil em 2019. Não tem show de Caetano Veloso nem cataratas do Iguaçu que se iguale ao que tem sido o Maracanã neste ano.

Para a Premier League virar o melhor campeonato do planeta, teve de melhorar ano após ano. Demorou mais de dez para superar os campeonatos da Itália e da Espanha. 

Vai demorar para o Brasil ter um ciclo tão virtuoso. Mas o primeiro passo é entender o que está acontecendo agora.

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