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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Obcecado por vencer, Sampaoli atropela Flamengo

Quebra da invencibilidade não indica fragilidade do clube carioca para o Mundial

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Sampaoli estava obcecado pela vitória contra o Flamengo. Ninguém disse que ele, por causa disso, poupou jogadores, como Carlos Sánchez, reserva contra o Athletico-PR no meio de semana.

Ninguém prestou atenção à sua volúpia durante a semana, mas uma das pessoas presentes ao treino de sábado (7) afirmou que ele só pensava em vencer o Flamengo.

O comportamento do Santos no primeiro tempo indica que o treinador conseguiu passar à equipe o desafio de vencer o campeão. Nos primeiros 45 minutos, 30% dos desarmes foram no ataque.

O desenho era o mesmo de sempre: 4-1-4-1. O Flamengo mudou. Jorge Jesus escalou um 4-2-3-1, igual aos primeiros doze minutos contra o River Plate, o tempo exato em que levou o primeiro gol.

Bruno Henrique aberto pela esquerda, De Arrascaeta pela direita, Éverton Ribeiro centralizado.

Dois homens de branco comemoram
Carlos Sánchez comemora gol do Santos sobre o Flamengo, pela última rodada do Campeonato Brasileiro - Ivan Storti/Santos FC/Divulgação

Jogando como meia direita, Carlos Sánchez criava tudo. De primeira, fez o lançamento para Soteldo construir o lance do gol de Marinho. Depois, aproveitou a falha de Filipe Luís e fez 2 a 0. "Intensidade é o nosso time. O Santos é assim", disse Marinho.

Pois foi ele quem deu o quarto desarme no campo de ataque, de onde saiu o passe para a jogada de Soteldo e gol de Sasha, o 3 x 0. Ainda viria o gol de Carlos Sánchez, 4 x 0. 

Os rivais tentaram um jeito de parar o Flamengo. Marcar a saída de bola com meias avançados, mas ninguém tinha conseguido igualar na intensidade. Em cada momento do jogo, todos os santistas tinham função.

Foi diferente dos 3 a 0 para o Bahia, porque aquele era o oitavo jogo de Jorge Jesus. Este foi o 37º.

A queda da invencibilidade de 29 partidas não indica fragilidade para o Mundial. Mostra apenas que pode haver rivais no futuro, se igualarem na agressividade da marcação ao portador da bola, na velocidade do contra-ataque e na capacidade de recuperar o controle logo após perder o domínio.

O requinte da quebra da série invicta teve olé, aos 31 minutos, com uma sequência de passes que levou mais de um minuto, sem o Flamengo encostar nela, até Victor Ferraz deixar sair pela lateral.

O Liverpool terá a mesma forma de jogar, se houver o encontro entre eles. Esse estudo o Flamengo precisa ter.

Não porque perdeu para o Santos, nem porque caiu sua sequência invicta, mas porque se trata de um desafio entre um sul-americano, que não passou pela semifinal sem prorrogação desde 2015, contra um europeu, que depois do caso Bosman, sem limite de estrangeiros, conta com os melhores jogadores e, por isso, ataca nos mundiais de clubes contra sul-americanos acuados.

O Flamengo será diferente.

O triunfo deste domingo dá ao Santos o vice-campeonato e mantém uma tradição do Brasileiro. Nunca, mesmo com o torneio unificado, considerando desde 1959, houve dois anos seguidos com dois times iguais se revezando entre primeiro e segundo lugar. Não existe ainda hegemonia.

Pode até haver espanholização em breve. Hoje, não há. O trabalho do Santos foi melhor do que o dinheiro do Palmeiras. A obsessão de Sampaoli venceu o Flamengo de Jorge Jesus.

Ilustração de prancheta
Flamengo com mudanças no 4-2-3-1 - Folhapress
Ilustração de prancheta
Santos pressiona saída de bola, como Sampaoli gosta - Folhapress

Cruzeiro sem força

Em três jogos sob comando de Adílson Batista, nenhum gol. A culpa não é do treinador, mas de uma roda-viva em que o Cruzeiro se enfiou. Em sua maior crise institucional, quebrou relações de trabalho, deixou de ter confiança e foi rebaixado. Só trabalho para voltar.

Bom brasileiro

Não foi só pelo Flamengo. O campeonato deixará a melhor média de público em 36 anos e lições de futebol ofensivo. Por Jorge Sampaoli, Jorge Jesus e Renato Gaúcho, o campeonato foi o melhor da década. Não é o bastante. É preciso tentar fazer melhor no ano que vem.

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