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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Não é justo chamar Luxemburgo de ultrapassado e Diniz de Professor Pardal

São Paulo e Palmeiras se enfrentam neste domingo (26) pelo Campeonato Paulista

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Vanderlei Luxemburgo foi quem deu a primeira chance a Fernando Diniz num time grande. Não como treinador. Logo depois de ser campeão paulista pelo histórico Palmeiras dos 102 gols, Luxemburgo contratou Diniz para o Brasileiro de 1996.

Fernando Diniz tinha jogado como atacante no Juventus e no Guarani, antes de ser contratado pelo Palmeiras.

"Trabalhei com Vanderlei em seu momento de ouro. Tudo o que ele fazia naquele tempo é atual hoje em dia", diz o treinador do São Paulo.

O clássico da segunda rodada do Paulista opõe o Palmeiras, de Luxemburgo, ao São Paulo, de Fernando Diniz. Um treinador histórico, outro jovem, e ambos tentando afirmação. Por motivos diferentes, discutem-se os números de Fernando Diniz nos times grandes que dirigiu e os de Luxemburgo, depois de voltar do Real Madrid.

Luxemburgo é o recordista de troféus do Paulista (8) e do Brasileiro (5), em ambos empatado com Lula, bicampeão mundial pelo Santos de Pelé. Mas, depois do Real Madrid, não voltou a ganhar títulos nacionais. Já são 15 anos.

O risco de rotular pessoas é que isso se espalha mais do que coronavírus. Chamar Luxemburgo de ultrapassado ou Fernando Diniz de Professor Pardal... Isso gruda. E não parece justo, porque os grandes trabalhos dependem do treinador, do elenco, da maneira como o clube se aparelha para dar benefícios e cobranças a seus jogadores.

Nos últimos dez anos, o futebol brasileiro viveu ondas. Marcelo Oliveira foi bicampeão brasileiro e não resistiu quatro anos em alto nível. Na sua esteira, vieram os treinadores jovens, como Zé Ricardo, Jair Ventura e Fábio Carille. Cada um com seu valor, ascenderam e desceram, depois do sucesso de Felipão, campeão brasileiro de 2018, e de Jorge Jesus.

A sequência estrangeira vai depender de Dudamel, Coudet e Jesualdo Ferreira. No passado, também houve trocas de guarda, mudanças de geração, com traumas para os veteranos e dificuldade para os novatos. Campeão paulista pelo Bragantino, Vanderlei Luxemburgo encontrou seu mestre Zagallo na última rodada da fase de classificação do Brasileiro 1990.

Se o Vasco de Zagallo vencesse, teria chance de classificação para as quartas de final. O Bragantino ganhou por 1 a 0.

No ano seguinte, Luxemburgo foi contratado pelo Flamengo. Ficou só oito meses. Passou pelo Guarani e pela Ponte Preta, antes de ser contratado pelo Palmeiras, em 1993. Podia ser um talento cortado à fórceps por passar por um time gigante na hora errada.

Como Fernando Diniz, criticado por jogar bem e não conseguir resultados no Athletico e no Fluminense.
Quando a geração de Luxemburgo, Nelsinho Baptista e Felipão ganhou espaço, no final da década de 1980, Rubens Minelli, Ênio Andrade e Zagallo pareciam no fim de suas carreiras. Em 1992, Minelli não resistiu cinco rodadas de Brasileiro pelo Santos, e Ênio Andrade caiu no 13º jogo pelo Cruzeiro. Eram os dois recordistas de títulos brasileiros. No mesmo ano, Telê Santana foi campeão mundial pelo São Paulo.

De sua geração, era o único condenado, apelidado pé-frio.

Em 1996, Bussunda escreveu na revista Placar que um grupo de dirigentes do Fluminense encontrou Jorge Vieira numa visita às pirâmides do Egito e decidiu contratá-lo. Era humor. Jorge Vieira foi campeão carioca pelo América, em 1960, aos 26 anos. Foi piada aos 62. Fernando Diniz não é tão precoce quanto foi Jorge Vieira, nem Luxemburgo precisa ser alvo de chacota aos 67.

O tempo e o respeito vão dizer quem pode fazer um grande trabalho em 2020.

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