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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Com ou sem dinheiro, não existe milagre no futebol, só trabalho

Ter dono milionário não é garantia de sucesso imediato em campo

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A compra do Newcastle por um fundo de investimento saudita fará a Premier League chegar ao recorde de 15 clubes sob controle internacional. Há os empresários americanos, donos do Liverpool, Manchester United e Arsenal, o Southampton, de Hong Kong, o Everton, de proprietário iraniano e, claro, os russos.

Allan Saint-Maximin comemora com pirueta gol marcado pelo Newcastle contra o Southampton, pela Premier League
Allan Saint-Maximin comemora com pirueta gol marcado pelo Newcastle contra o Southampton, pela Premier League - Peter Nichols-7.mar.2020/Reuters

O Chelsea, de Roman Abramovich, homem mais rico de Israel, onde vive, mas nascido e enriquecido sob os oligarcas de Moscou. O Bournemouth tem o segundo proprietário de origem russa, Maxim Demin.

Dos 5 clubes que mantêm laços ingleses, o Tottenham é o mais bem sucedido. Vice-campeão da Champions League, trocou o técnico Mauricio Pocchettino por José Mourinho e disputará vaga na próxima temporada europeia, se esta terminar. Está em oitavo lugar.

Essa conta serve bem para dar noção a quem julga que investidores estrangeiros vão mudar a vida de clubes históricos, do lixo para o luxo. Na Itália dos anos 1990, Silvio Berlusconi era dono do Milan e o magnata do petróleo, Massimo Moratti, comprou a Inter, que já fora propriedade de seu pai, Angelo. Moratti filho levou 15 anos para ser campeão da Europa, como seu pai foi em 1964 e 1965. Não existe milagre, só trabalho.

Em meio à crise do coronavírus, nem o fundador da Crefisa, José Roberto Lamacchia, garante o pagamento integral do patrocínio do Palmeiras. “Ninguém sabe o que vai acontecer.” O mais provável é que pague, mas ele avalia todas as condições do mercado, como todo mundo está fazendo.

Enquanto isso, o Botafogo tem visões otimistas sobre o mercado do segundo semestre.
O vice-presidente Carlos Eduardo Pereira julga que, aos poucos, os investidores recuperarão as perdas em bolsas de valores e haverá condição de transformar o alvinegro em sociedade de propósito específico no segundo semestre.

É bom que aconteça. À parte a lei, seja o projeto do deputado Pedro Paulo (DEM-RJ), seja a melhor proposta de Rodrigo Monteiro de Castro e José Francisco Manssur, quem fizer a mudança pode se dar bem e melhorar sua situação econômica. Capitalizar-se, com investidores estrangeiros.

Poderá haver mais saúde financeira, dependendo da honestidade e competência dos novos empresários. Resultados virão se junto a isso houver entendimento de que a razão da vida de um clube é o troféu, a torcida, o resultado.

Há os que preferem entender que resultado é dinheiro, proveniente das vendas de craques. O declínio do Manchester United aconteceu depois da capitalização com a compra pelo grupo norte-americano de Malcolm Glazer. Não se deve votar em Silvio Berlusconi para deputado, nem correr o risco de ele ser primeiro-ministro. Como proprietário do Milan, foi muito mais sábio do que os quatro grupos que o sucederam, chineses e americanos.

O Milan não disputa a Champions League há 6 temporadas.

No passado inglês, meio da década de 1990, o Newcastle foi duas vezes o oponente mais forte do Manchester United, quando era liderado pelo empresário John Hall, famoso pela construção de shoppings. Em 1996, seu clube estava na fila havia 69 anos. Abriu 11 pontos de vantagem sobre o United e perdeu o troféu quando Alex Ferguson escalou seus meninos, Paul Scholes, David Beckham, Gary Neville, Phil Neville e Ryan Giggs.

Um ano antes, o Blackburn foi campeão inglês pela primeira vez desde 1912, presidido por Jack Walker, empresário da construção civil com sede na cidade.

O caso dos 15 times multinacionais na Premier League indica o óbvio: a cada campeonato, só vai ganhar um.

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