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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Tite entra na onda das reprises dos jogos

Treinador da seleção constata que a vitória está ligada ao equilíbrio em campo

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Clodoaldo recebeu mensagem de Pelé na quinta (16): “Você foi o melhor em campo.” O Rei assistiu à reprise de Brasil e Inglaterra e elegeu seu companheiro do Santos como o destaque da partida. Alguém dirá que foi o MVP, mas ninguém dizia isto no Brasil de 1970.

Era melhor em campo mesmo, Motoradio para ele.

Tite durante treino da seleção em Moscou durante a Copa de 2018
Tite durante treino da seleção em Moscou durante a Copa de 2018 - Lucas Figueiredo-26.jun.18/CBF

Clodoaldo e Pelé foram tricampeões, dois anos seguidos, no mesmo dia. Se você quiser saber como é possível é só olhar o calendário e se lembrar de que no sábado, 21 de junho de 1969, o Santos empatou com o São Paulo por 0 a 0 e foi tricampeão paulista.

No domingo, 21 de junho de 1970, Clodoaldo e Pelé estavam lá outra vez, agora para serem tricampeões do mundo com os 4 a 1 sobre a Itália.

Se até o Rei entrou na onda das reprises, e também Gérson, Tostão, Clodoaldo, Rivelino e Jairzinho, todos com relatos de assistirem de novo às partidas do tri, é claro que o técnico da seleção também precisava entrar nesta.

Estudar futebol não é só olhar o passado e todos aproveitam o tempo para observar o futuro. Também já foi possível rever o Arsenal campeão invicto de 2004, o Chelsea de José Mourinho, o Barcelona de Guardiola e cada jogo destes carrega uma história, um estilo e sua época

“Minhas memórias afetivas misturadas com olhar de técnico do presente, com o tempero das análises e dos narradores”, diz Tite, sobre como tem visto as reprises das partidas históricas. “Minha primeira e pessoal conclusão é que a possibilidade maior de vitória está invariavelmente ligada ao equilíbrio entre ações criativas/ofensivas e competitivas/defensivas.”

Como as duas Copas do passado que tiveram as campanhas inteiras recontadas pelo SporTV foram as de 1982 e de 1970, está clara a diferença. O time de Zagallo tinha mais equilíbrio, apesar das falhas de Brito nos gols de Petras, da Tchecoslováquia, de Dumitrache, da Romênia e de Cubillas, do Peru. Ou de Félix, contra o peruano Gallardo e contra o uruguaio Cubilla.

Se fosse campeão, o time de 2006 talvez entrasse na história por ter titulares de alto nível em todas as posições. O que a seleção de 1970 não teve, porque Félix, Brito e Everaldo ficavam abaixo de jogadores de outras Copas. Luís Pereira, Marinho Peres, Marinho Chagas, Júnior, Roberto Carlos, Leão,
Marcos, Dida, Taffarel...

Só que a equipe funcionava como relógio. A seleção de 1970 é mais fronteira do futebol moderno do que a Inglaterra de 1966, introdutora do 4-4-2, e mesmo do que a Holanda de 1974, cujo maior mérito foi a marcação por pressão. Por mais que se diga que os holandeses rodavam como as pequenas ondas que cobrem todos os cantos de uma piscina —o folclore conta esta conversa de Rinus Michels com Johan Cruyff— as mudanças foram as inversões dos pontas e laterais e a transformação de Cruyff.

Quarenta anos antes de Messi ser chamado de falso nove, Cruyff fazia esta função. Hidegkuti também na Hungria de 1954. Mas pressionar a saída de bola, ninguém fez como os holandeses em Copas do Mundo, antes de 1974.

Rotatividade, o Brasil de 1970 tinha. Ou Tostão não roubaria a bola como lateral esquerdo e Carlos Alberto não finalizaria como ponta direita, no gol coletivo mais bonito da história das Copas.

Tite assiste às reprises e também leu a entrevista de Didier Deschamps ao jornal L’Equipe, da França, em que o campeão do mundo diz: “Não existe copiar e colar no futebol.” Cada time depende dos jogadores disponíveis, cada um em seu tempo e seu estilo.

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