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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Corinthians gastou muito e precisa reaprender a economizar

Andrés Sanchez liderou renascimento e agora se encontra na mesma encruzilhada

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O Corinthians caiu para a Série B em 2007 com uma dívida de R$ 100 milhões e receita anual de R$ 70 milhões. O então diretor financeiro, Raul Corrêa da Silva, discursava sobre a dificuldade de arrecadar apenas 70 centavos para cada real devido.

Pela mesma conta, hoje o Corinthians arrecada só 56 centavos. Foram R$ 436 milhões de receita em 2019 e débitos de R$ 765 milhões, de acordo com o balanço que vazou nesta semana. Importante ponderar que R$ 212 milhões estão financiados no Profut. Mas é dívida.

Na década passada, Andrés Sanchez foi o líder do renascimento e levou para os principais departamentos algumas das pessoas mais qualificadas do mercado. Assim, entrou na administração do clube gente como Luiz Paulo Rosenberg, pai do plano Fiel Torcedor.

O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, durante entrevista coletiva
O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, durante entrevista coletiva - Rodrigo Gazzanel - 8.nov.18/Agência Corinthians

Raul Corrêa da Silva costumava responder sobre o tamanho do passivo, enorme para os padrões da época: “Se você sabe nadar, não importa se a piscina tem dois ou cinco metros de profundidade”. A frase tinha a ver com o entendimento do mercado sobre a capacidade de ganhar mais e de gastar menos.

Treze anos depois, o Corinthians chegou à mesma encruzilhada, com o mesmo presidente, Andrés Sanchez, que hoje admite estar cansado. Ele próprio diz que não vê a hora de seu mandato terminar, em dezembro, e afirma que não apoiará nenhum candidato, a não ser que seu grupo político escolha um —Duílio Monteiro Alves ou Paulo Garcia.

O Corinthians cavou um poço fundo por gastar demais nos últimos dois anos. No final do mandato de Mario Gobbi, em 2014, o custo anual do futebol era de R$ 238 milhões. No final do período de Roberto de Andrade, campeão brasileiro de 2015 e 2017, o departamento custava R$ 278 milhões. Em 2019, o total foi de R$ 435 milhões, pelo balanço que vazou.

Quer dizer que o Corinthians usa no futebol tudo o que arrecada num ano. Em 2014, período em que já gastava demais, sobravam R$ 56 milhões.

Tem saída. O Corinthians precisa gastar menos e pode ganhar mais. Andrés costuma apontar para a receita do Flamengo, de R$ 950 milhões em 2019, e observar que R$ 300 milhões vieram de vendas de jogadores. “Todo clube precisa vender”, diz Andrés.

Ocorre que o Flamengo vende porque revela. Mas ponderemos. Se a receita rubro-negra não tivesse esses R$ 300 milhões das negociações, cairia para R$ 650 milhões. E se o Corinthians tivesse o dinheiro dos ingressos, sua receita anual poderia subir para R$ 615 milhões —na Gávea, a projeção antes da Covid-19 era de R$ 180 milhões de bilheteria.

Nesse caso, Corinthians, Palmeiras e Flamengo estariam equilibrados na faixa dos R$ 600 milhões/ano. Não é o cenário atual, mas indica que se pode ganhar mais no Parque São Jorge.

Mesmo assim, é preciso gastar menos. Foram R$ 105 milhões em contratações em 2019.

Dinheiro gasto em jogadores como André Luiz, Richard, Boselli, Sornoza, Vágner Love, Danilo Avelar, Gil, Júnior Urso, Michel Macedo e Everaldo.

Há 2 anos, quando Jair Ventura conduziu o time à final da Copa do Brasil, Andrés dizia que o time precisava de amadurecimento e que os contratados de 2018 formariam o time competitivo de 2019. Falávamos de Araos, Bruno Méndez e Matheus Vital. Nenhum vingou. O Corinthians gastou muito porque contratou errado. O primeiro passo da retomada é evitar novos erros e parar de gastar. O segundo é explorar o estádio em suas áreas e dias ociosos e revelar jogadores. Vai entrar mais dinheiro.

No fundo, o Corinthians precisa de um choque de profissionalismo. Tem de reaprender a nadar.​

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