PVC

Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

PVC

Sampaoli e Jorge Jesus começam seus trabalhos pelo fim

Brasileiro pós-pandemia pode ter mais times com vontade de atacar

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Os primeiros depoimentos dos jogadores e da diretoria do Atlético-MG sobre Jorge Sampaoli são de encantamento. Não pelo convívio, que quase não existe. Apesar de chegar todos os dias às 6h30 à Cidade do Galo, o contato é de bom dia e até logo. O encanto está nos treinos.

A surpresa é ver um treinador começar a montagem da equipe pelo ataque. O convencional é estruturar a linha de defesa, montar os sistemas de cobertura, organizar as conexões de passes no meio de campo e entregar a criatividade para o ataque.

O chavão do futebol moderno: “No último terço, o jogador resolve". Até mesmo treinadores cultos e modernos, como Roger Machado, repetem esta frase.

Não resolve mais, porque não há mais espaço. É preciso ensaiar e montar as conexões, ultrapassagens e funções ofensivas de cada jogador. Sampaoli chegou em março ao Atlético lamentando ter de iniciar da estaca zero, quando todos já estavam no terceiro mês de trabalho.

Agora, começa da estaca zero com quase todos no mesmo ponto. A exceção é o Flamengo. Como Sampaoli, Jorge Jesus começa a montagem de sua equipe pelo ataque. Mostra as conexões, as funções de cada um, os deslocamentos prováveis.

Esse será também o caso de Eduardo Coudet, e assim chegamos aos três estrangeiros notáveis do futebol brasileiro.

Seria cru e cruel dizer que isso acontece porque não nasceram no Brasil. Jesualdo Ferreira monta seu time de maneira mais convencional. Ricardo Gareca, Paulo Bento, Daniel Passarella, Diego Aguirre, Jorge Fossatti, também estrangeiros que passaram pelo Brasil, começavam por fechar a casinha, expressão que precisa desaparecer da cultura tática do país.

Diego Simeone, até mesmo José Mourinho, estruturam a defesa e depois fazem o ataque. Há, sim, uma questão cultural, mas a diferença de Jorge Jesus, Sampaoli e Coudet não é terem nascido fora do Brasil. É pensarem fora da casinha.

Na década de 1990, Vanderlei Luxemburgo preferia os volantes que “não sujassem a bunda no chão” — era assim que dizia. Os depoimentos de Zico sobre como Cláudio Coutinho treinava a marcação por pressão do Flamengo, no fim da década de 1970, indicam que o técnico da seleção de 1978 buscava também o caminho do ataque.

Antes dele, Zagallo, Tim, Ênio Andrade, grandes estrategistas do Brasil, montaram times ofensivos estruturados a partir da defesa. A seleção de 1970, que completou 50 anos de seu tricampeonato, recuava todos os jogadores quando não tinha a bola.

Jorge Sampaoli tem Marcelo Bielsa como sua referência. O aluno saiu melhor do que o mestre. Bielsa é uma mente brilhante, que conquistou cinco títulos numa carreira de trinta anos. Jorge Jesus tem Johan Cruyff como referência. As reprises recentes da final São Paulo x Barcelona são um aperitivo para entender como o maestro holandês montava times ultra ofensivos, muitas vezes sem zagueiros e muito antes de Guardiola, seu pivô defensivo na Champions League de 1992.

Conviver com os melhores ajuda a se tornar um deles. Rogério Ceni já fez estágio com Sampaoli no Sevilla. O Brasileiro pós pandemia pode ter mais times com vontade de atacar.

Apresentação de Jorge Sampaoli na Cidade do Galo, em março
Apresentação de Jorge Sampaoli na Cidade do Galo, em março - Bruno Cantini - 9.mar.20/Agência Galo
Conexões do ataque do Atlético-MG com ensaio diário
Conexões do ataque do Atlético-MG com ensaio diário - Folhapress
Compactação defensiva
Compactação defensiva - Folhapress

E o Luxemburgo?

De todos os técnicos no país, Vanderlei Luxemburgo talvez seja o mais sedento para fazer um trabalho do nível dos que fez e voltar a vencer. Na pandemia, comandou palestras táticas por videoconferência e os jogadores gostaram. Ele quer quatro atacantes no Palmeiras.

Neymar e a Champions

Neymar chegou a Paris falando em Champions League. Durante toda a sua preparação em Mangaratiba, ele falou em Champions. A mudança do torneio para Portugal, em agosto, faz com que esteja a apenas três jogos do título. Mas ainda sem ritmo de jogo.

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.