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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Burrice e falta de plano coletivo atrapalham potencial de Brasileiro atraente

Nossos clubes seguem se parecendo com o velho comercial das Casas Bahia

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O presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos, tem uma posição clara sobre a chance de os estaduais começarem a acabar depois do rompimento do contrato de transmissão do Estadual do Rio pela Globo: “Os clubes de São Paulo não vão jogar R$ 300 milhões no lixo".

Ele não se refere apenas ao contrato com a emissora, em vigência até 2022 e que representa aproximadamente R$ 172 milhões por ano. Soma a esse valor os ganhos de publicidade estática, bilheteria e todo o pacote regional.

Depois da análise feita nesta coluna, de que a ruptura do contrato do Estadual do Rio pode ser o início do fim dos estaduais no modelo que conhecemos, o presidente da CBF, Rogério Caboclo, afirmou categoricamente que eles sempre terão um espaço exclusivo no calendário.

A ideia da extinção do modelo está diretamente ligada à hipótese de asfixia econômica. Politicamente, as federações lutarão até a última gota pela manutenção. Botafogo e Fluminense lamentam o comportamento do Flamengo e afirmam perder perto de R$ 100 milhões pelo acordo do estadual, que iria até 2024.

Se não houver asfixia econômica, o modelo não mudará. Mas a ausência da Globo na final da Taça Rio, na quarta-feira (8), é mais um sinal de que o interesse diminuiu.

É possível que Disney, Turner, Amazon ou DAZN comprem as transmissões dos estaduais do Rio, do Rio Grande do Sul e da Copa Nordeste. É improvável, porém, que sustentem os 27 estaduais.

Os quatro grandes de São Paulo arrecadam R$ 26 milhões para jogar o Paulista. Botafogo, Fluminense e Vasco ganham R$ 18 milhões. Grêmio, Inter, Atlético-MG e Cruzeiro recebem R$ 14 milhões. O Bahia, apenas R$ 800 mil.

Na visão de Reinaldo Carneiro Bastos, o time tricolor não se interessa pelo Baiano e disputa com o time B, mas quer a Copa Nordeste.

Jogadores do Fluminense levantam o troféu da Taça Rio após vitória sobre o Flamengo, nos pênaltis
Jogadores do Fluminense levantam o troféu da Taça Rio após vitória sobre o Flamengo, nos pênaltis - Ricardo Moraes - 9.jul.20/Reuters

O presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, nega: “É muito melhor ter a temporada nacional. A conta de quem não abre mão do dinheiro dos estaduais está errada, porque desconsidera que não se ganha nada de pay-per-view pelos quatro primeiros meses do ano”, argumenta. “Precisamos pensar em quanto o Brasileiro será mais atraente disputado desde o início do ano."

Desde a adoção do acesso e descenso em nível nacional, em 1988, o Brasil sempre conviveu com a necessidade de revitalizar 27 estaduais ou turbinar o grande Brasileiro. Em 32 anos, não se fez nem uma coisa nem outra.

Até o meio da década de 1980, o Brasil fazia uma espécie de Champions League, em que cada estado classificava para o Nacional um número de representantes de acordo com sua importância. Eram seis de São Paulo, cinco do Rio, dois de Minas e Rio Grande do Sul e assim por diante.

Para que esse modelo sobrevivesse, as federações precisavam ser motivadas a melhorarem seus rankings. Se a Inglaterra passou a ter um campeonato superior ao da Itália, o Rio também poderia superar São Paulo.

Ao contrário, os torneios foram minguando e, mesmo nacionalmente, jogos contra gigantes como Botafogo e Vasco perdem aos poucos o status de clássicos. Hoje, são rivais comuns.

É possível revigorar tudo. Vai dar trabalho.

A entrada dos canais de streaming poderia servir como receita nova. O Brasil tem potencial enorme para ter o campeonato nacional mais atraente depois de Inglaterra, Alemanha e Espanha. Enorme oportunidade para que os adolescentes torçam por times daqui, em vez de Real Madrid e Barcelona.

A burrice e a falta de plano coletivo fazem nossos clubes seguirem se parecendo com o velho comercial das Casas Bahia: "quer pagar quanto?".

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