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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Sampaoli é sensação porque recupera sonho do ataque

Não deveria haver razão para nosso futebol ser sisudo, exceto o êxodo

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Os gritos de Jorge Sampaoli na parada técnica do primeiro tempo de Atlético-MG x Ceará foram um espetáculo à parte. “Rodar mais rápido a bola. Agredir mais o adversário, atacar ao menos com cinco jogadores.” Foi a pior atuação da equipe sensação do campeonato, e o Ceará poderia até ter empatado, mas a agressividade do time mineiro encanta.

Não é o único trabalho diferente deste início de Brasileiro. Comparar Atlético-MG, Internacional e Athletico com o que se vê na Champions League diminui um pouco a depressão. Parecem dois esportes diferentes, o do Brasil e o da Europa. Mas a ideia desses times brasileiros e dos europeus é a mesma: atacar. É o que faz o futebol atual, muitas vezes, parecer voltar cem anos no tempo.

O Atlético-MG faz a saída de jogo com três jogadores. Allan foi improvisado na lateral esquerda. Quando defendia, atuava mesmo como lateral, num sistema 4-1-4-1. Em movimento, o esquema muda. O Atlético joga com três na saída, dois no meio e infiltra cinco no ataque. O desenho é de WM.

Voltamos à década de 1920, quando se jogava num 2-3-5, dois zagueiros, três médios e cinco atacantes. A mudança da lei do impedimento fez com que o técnico escocês Herbert Chapman, do Arsenal, recuasse um dos médios. O desenho passou a ser 3-2-5. Passe uma linha pelos defensores e você verá uma letra M. Siga o lápis pelos atacantes e haverá um W: WM.

Guardiola diz que os sistemas são apenas números de listas telefônicas. Não são números, mas nomes, que indicam como a equipe se organiza. Como a tática não é estática, a dinâmica apresenta variações.

Sampaoli tem jogado num 4-1-4-1. Quando ataca, a mobilidade faz um 3-2-5. Um WM.

O Athletico usa o mesmo sistema, e na dinâmica também tem cinco homens no ataque. Mas sai com dois por trás, o que indica um 2-3-5. Uma pirâmide.

O jornalista inglês Jonathan Wilson, autor de “A Pirâmide Invertida”, mostra em seu livro como o futebol foi invertendo sua lógica, aumentando o número de defensores, diminuindo o de atacantes. O Lyon defendeu-se do City num 5-3-2. Exatamente o oposto do desenho de ataque do Athletico.

Sampaoli é a sensação do começo do Brasileiro, porque recupera o nosso sonho: o ataque. O Brasil do sol sempre foi alegre e extrovertido. Não deveria haver razão para nosso futebol ser sisudo —exceto o êxodo.

Jorge Sampaoli, técnico do Atlético-MG, em partida contra o Flamengo pelo Campeonato Brasileiro - Ricardo Moraes - 9.ago.20/Reuters

Contraponto da alegria do Atlético-MG são os quatro grandes de São Paulo, todos mal. O Palmeiras jogou pessimamente contra o Goiás. Até agora, Luxemburgo montou o sistema defensivo, que levou dez gols no ano, quatro de bola parada. É a melhor defesa do país, comparando os 20 clubes da Série A. Mas na frente, quase nada.

Os elogios ao treinador do Palmeiras na semana passada têm a ver com a notícia, da qual jornalista nunca pode fugir: o recorde de títulos paulistas e brasileiros. Nenhum jornalista tem o direito de elogiar seus amigos nem de atacar seus inimigos. Não se pode, portanto, refutar o fato, o recorde. Na montagem de seus times, Luxemburgo, Tiago Nunes e Fernando Diniz estão devendo.

Para pensar no melhor técnico do país neste momento, olhando para o passado, só se dissermos que Jorge Sampaoli recuperou o WM.

Atlético no WM: saída com três, ataque com cinco
Atlético no WM: saída com três, ataque com cinco - Folhapress
Na defesa, 4-1-4-1. São onze atrás do meio
Na defesa, 4-1-4-1. São onze atrás do meio - Folhapress

Os paulistas

O São Paulo até teve bons momentos, mas o Vasco se sobrepôs com o talento goleador de Germán Cano. Pode não ter nada a ver, mas Grêmio e Inter voltaram a treinar em 5 de maio, Atlético-MG em 19 de maio, Flamengo em 20 de maio e os paulistas em 1º de julho.

Neymar decisivo

O Leipzig é uma equipe mais sólida e organizada que o PSG, mas Neymar está tinindo fisicamente e recuperando ritmo de jogo. O PSG também tem Mbappé. É possível que os craques ganhem do time, neste caso. Mas vai ser um jogo duríssimo para o campeão francês.

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