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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Fernando Diniz é vítima de 12 anos de erros do São Paulo

Mudar técnico não vai resolver o problema do time que dominou o Inter no Beira-Rio

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Na mesma noite de sábado (26), quase paralelamente, a torcida do São Paulo enchia as redes sociais com críticas à atuação contra o Internacional e Jesualdo Ferreira dava bela entrevista no Bola da Vez, da ESPN Brasil, falando sobre os prejuízos para o futebol brasileiro causados pelas trocas incessantes de treinadores.

Fernando Diniz gesticula durante a partida entre São Paulo e Internacional, no Beira-Rio
Fernando Diniz gesticula durante a partida entre São Paulo e Internacional, no Beira-Rio - Rubens Chiri/saopaulofc.net

Especificamente no sábado, as críticas ao São Paulo eram injustas. Mesmo passando 30 minutos com um homem a mais em campo, o time de Fernando Diniz mandou no Beira-Rio e finalizou 18 vezes, contra 7 do adversário, com 56% de posse de bola. Foi superior.

O inconformismo são-paulino se justifica por 12 anos de sofrimento com um único título, da Copa Sul-Americana, sentido como inexpressivo pela torcida, especialmente porque foi conquistado na mesma semana do Mundial do Corinthians, contra o Chelsea.

É preciso ter endereço certo para a crítica. À observação de que o São Paulo mereceu vencer em Porto Alegre, inúmeras réplicas diziam: “Eu não vou elogiar o Fernando Diniz nunca.”

Aí fica difícil o diálogo.

Não se trata de defender ou de atacar, mas de enxergar quando se vai bem e quando não está bom. Foi absurda a escolha da saída de bola com Igor Gomes e Hernanes, em Quito. Não faz sentido sair com Daniel Alves e Tchê Tchê também. Diniz comete erros. Não é ainda um técnico maduro.

Daí a dizer que tem de ser demitido, dois meses antes da eleição que escolherá um presidente predestinado a recontratar Rogério Ceni, não faz sentido.

O São Paulo trocou de técnico dez vezes nos últimos cinco anos —19 nomes, incluindo os interinos, passaram pelo banco tricolor em cinco temporadas. O time está na zona de classificação para a Libertadores.

Trocar por quê?

Um técnico que completou um ano no cargo e passou quatro meses em pandemia. Tem pecados mortais, como ser eliminado do Paulista pelo Mirassol, como Muricy foi pela Penapolense e Rogério Ceni pelo Defensa y Justicia, na Copa Sul-Americana de 2017.

O São Paulo tem problemas táticos, como outros 18 times da Série A. Mas o problema não é só o treinador. É recriar o ambiente do vestiário, com compromisso e com entendimento de onde, por que e para que alguém trabalha no São Paulo.

Enquanto os gritos contra Diniz saltavam nas redes sociais, Jesualdo Ferreira falava na ESPN.

Disse ter entendido que aqui era assim e preparou-se para trabalhar sem tempo de treino. Afirmou que uma das funções dos técnicos é melhorar os jogadores e, sem tempo de trabalho, eles não melhoram.

“Isso pode ser grave para todo o futebol brasileiro”, afirmou.

Também falou sobre como os treinadores do Brasil entendem o limite e trabalham para não perder.

O diagnóstico não é novo, mas ajuda a explicar por que Portugal virou campeão da Europa, e os clubes do Brasil levam 5 a 0 e 4 a 2 em Quito, no mesmo estádio Casablanca, em um intervalo de cinco dias: Del Valle 5 a 0 Flamengo, LDU 4 a 2 São Paulo.

O mais grave é que não são dirigentes, jogadores, jornalistas ou torcida. Somos todos nós, que não entendemos como o futebol se equilibrou, diminuiu espaços e exige montagens consistentes de equipes.

O São Paulo só deve mudar de técnico depois da eleição.

O tamanho do vexame

Vai ter jogo ou não vai ter era coisa dos anos 1970, quando Vicente Matheus não colocava o Corinthians contra a Ponte Preta. Ou Eurico Miranda contra o Palmeiras, em 1994. A saúde em primeiro lugar. Mas o acordo precisava ser feito, para o sim ou para o não. Hoje, são 87 países que recebem o sinal do jogo —e certamente foram ver o Barcelona. Vexame também do Palmeiras, que jogou pessimamente e não conseguiu vencer os reservas do Flamengo.

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