O São Paulo não pode perder pontos tolos, contra times do fundo da tabela, e não correu esse risco contra o Sport, no Morumbi. Mas a definição sobre o campeão brasileiro tem chance de passar pelos confrontos diretos do segundo turno. Dos oito melhores do campeonato, o São Paulo enfrentará cinco no Morumbi e dois fora de casa.
Só sairá contra Grêmio e Fluminense, mas numa sequência possivelmente definitiva, para dizer se o time de Fernando Diniz será campeão ou não. Após o jogo adiado contra o Botafogo, a ser realizado na quarta (9), enfrentará Corinthians, Atlético-MG, Grêmio e Fluminense. Só o Galo em casa.
Todos os técnicos que jogaram recentemente contra o São Paulo respeitam o trabalho de Diniz. Está forte, tem proposta clara, sabe o que deseja. De seus 39 gols no torneio, 22 (56%) nasceram de trocas de passes. Compare com o Santos, de 44% de bola parada ou o Palmeiras, com um terço proveniente da soma de contra-ataques, faltas, pênaltis e escanteios.
Não é pecado fazer gol de jogada ensaiada. Ao contrário, é bom ter repertório. O São Paulo prefere a bola no pé e já fez sete de fora da área (18%). Contra o Sport, trocou 327 passes apenas na primeira etapa, mais de 500 na soma dos noventa minutos.
Verdade que faltou ser mais incisivo, para aumentar o placar.
Dos oito clubes mais bem colocados, o São Paulo só perdeu do Atlético e foi quem perdeu menos pontos para o pelotão de elite. Mas desperdiçou 13 contra quem briga embaixo.
Diminuiu o ritmo na segunda etapa contra o Sport, tratou de circular a bola, mas com pouca profundidade e quase nenhuma ameaça concreta ao goleiro Luan Polli.
Todo campeão tem seu pecado. O Corinthians de 2017 caiu em casa contra o Atlético-GO, rebaixado, o Palmeiras de 2018 levou 3 a 2 do Sport, no Allianz Parque, e os pernambucanos caíram para a Série B.
Neste ano, o time de Abel Ferreira deixou cinco pontos contra o lanterna, Goiás, e o São Paulo entregou os mesmos cinco para o Vasco, ameaçado. O Flamengo perdeu cinco pontos para o Atlético-GO.
Não deixa de ser curioso que o Brasil vá na direção inversa à apresentada no início das ligas europeias. Aqui, os três líderes são os três times de mais posse de bola, num momento em que parece mais decisivo o passe vertical, quebrar linhas.
O futebol anda mais Klopp do que Guardiola, e os líderes na Espanha, Inglaterra e Itália não estão entre os cinco de maior troca de passes. O Bayern lidera na Alemanha, é o segundo em posse de bola e também preza o jogo direto.
O São Paulo não é um abuso da troca de passes. É o terceiro nessa porcentagem e o segundo em chutes a gol. Mais um sinal de que não se deve rotular. Diniz trabalha para ter uma equipe vencedora, que corrija erros a cada rodada e evolua sempre.
Neste momento, parece necessário observar a possível recuperação do Flamengo, a longa invencibilidade do Grêmio e a volúpia do Atlético-MG de Sampaoli.
O Palmeiras também pode ser campeão, mas terá ainda cinco encontros contra times do primeiro pelotão e quatro deles fora de casa. É também o caso do Santos.
MARATONA
Atenção ao número de jogos dos candidatos ao título do Campeonato Brasileiro. Até 24 de fevereiro, data da decisão, Atlético-MG e Fluminense jogarão 14 vezes, e o Flamengo, 15. O São Paulo, nas semifinais da Copa do Brasil, até 19, assim como o Santos, nas quartas da Libertadores. Grêmio e Palmeiras, candidatos na Libertadores e na Copa do Brasil, até 24 vezes. O cansaço também vai pesar.
OLHO EM CUCA
Cuca teve todos os problemas do mundo neste ano. Recuperação de problemas cardíacos, Covid-19, atrasos de salários, necessidade de vender jogadores... Está na briga pelo título nacional. E joga no ataque, em todas as partidas, com versatilidade tática
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