O presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, considera que será heroico se o seu clube vencer o São Paulo no Morumbi e avançar à decisão da Copa do Brasil. Uma das razões é o cansaço. Nenhum time brasileiro joga às quartas e domingos, sem nenhum meio de semana de folga, há tanto tempo quanto o Grêmio. Desde 22 de julho, sempre.
Não será a única vantagem do São Paulo na semifinal. A equipe de Fernando Diniz praticou, no último mês, o melhor futebol do país. Não significa ser invencível.
Tanto que caiu em Porto Alegre e contra o Corinthians, há duas semanas. Mas há uma diferença entre o Morumbi deste ano e o do ano passado. Em 2019, o São Paulo disputou 35 partidas em seu estádio e só venceu 11. Desta vez, só 2 derrotas em 26 jogos.
O grande trunfo são-paulino, no entanto, é ter um estilo de jogo marcante e definido. Os 15 meses de trabalho de Fernando Diniz dão frutos, enquanto o Flamengo luta para iniciar um trabalho no final da temporada. Rogério Ceni teve apenas dez jogos. Mesmo com semanas de treinamento, é muito difícil reconstruir uma equipe em 40 dias —Ceni estreou em 11 de novembro.
Diniz contou com tanta oposição que até mesmo o novo diretor de futebol, Carlos Belmonte, foi acusado de pretender sua queda. “Eu nunca defendi a saída de Diniz”, diz o novo dirigente.
Caberão a Belmonte e ao novo presidente, Julio Casares, as escolhas dos novos diretores executivos, um da base, outro dos profissionais. Pelo salário, parece improvável que Rodrigo Caetano seja o escolhido. A nova estrutura terá o executivo junto com Muricy Ramalho, o coordenador de futebol. Tudo com Diniz.
“Todo clube precisa de um DNA. O do São Paulo é da velocidade. Sempre fui contra a troca de comando, tanto com Diniz, quanto na época da saída de Aguirre. Mas me afino muito mais com o estilo Diniz”, diz Belmonte.
Todo são-paulino se afina, principalmente porque as vitórias estão chegando. O discurso da nova diretoria é coeso e pretende o São Paulo jogando bem e bonito. Hoje, joga assim.
O São Paulo passou 13 anos sem vencer o Fluminense, no Maracanã, pelo Brasileiro. Venceu em 2019, quando Fernando Diniz estava no Flu. Desta vez, ganhou com categoria. Impôs seu estilo.
Muita coisa segue chamando a atenção. A qualidade de Gabriel Sara e Igor Gomes, meias que se juntam e aparecem muitas vezes do mesmo lado do campo. Sara jogou bem, apesar de errar o passe e oferecer o gol de empate a Fred.
Chama a atenção a dupla Luciano e Brenner, este artilheiro do Brasil no ano entre os jogadores da Série A. Só Diego Souza, como Brenner, marcou 22 vezes em 2020. Caio Dantas, do Sampaio Corrêa, já anotou 24.
Daniel Alves impressiona pela quantidade e qualidade de passes. Já oscilou, teve atuações ruins, como contra o Fortaleza, pela Copa do Brasil, e voltou a seu nível. Quase sempre bate a casa dos 90 passes certos por jogo, o que supera 15% do time inteiro.
Isso porque o São Paulo atual troca, muitas vezes, mais de 500 passes a cada partida.
Melhora tímida
O Corinthians lembra a definição de Tostão, feita na sua coluna de domingo (27), para o futebol brasileiro: “Melhorou, mas não muito". O Corinthians finaliza mais e só sofreu um gol em seis jogos de invencibilidade. Dá até para sonhar com a sétima posição e vaga na Libertadores.
Fora de casa
Desde que Abel Ferreira assumiu o Palmeiras, só venceu duas vezes como visitante e terá seu maior desafio contra o América-MG. Mas o adversário mais forte é o cansaço. O Palmeiras não tem uma semana livre para treinos desde 29 de agosto.
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