Daniel Alves como atacante foi a maior novidade tática do São Paulo, na Arena da Baixada, contra o Athletico. Ficou comum ouvir que o time de Fernando Diniz precisa criar algo novo. Precisa mesmo.
Mas nem sempre é fácil mudar tudo e manter a qualidade, porque alguém dirá: “Não tem convicção”.
Fernando Diniz manteve a coerência tática, o mesmo sistema 4-4-2, mas novamente com a ausência de Luciano, que faz muita falta, adiantou Daniel para jogar solto, criativo, tentando deixar Brenner na cara do gol.
Não funcionou. Daniel Alves fez uma partida correta, não brilhante.
Em parte do jogo, Igor Gomes invertia com ele, tornava-se o atacante, com Daniel à esquerda. Em outros momentos, Daniel voltava a ficar mais livre.
Quando Luciano foi desfalque pela primeira vez, depois da liderança, contra o Atlético-MG, Diniz fez diferente. Adiantou Tchê Tchê, para ser o primeiro marcador na pressão da saída de bola de Sampaoli. Daquela vez, deu muito certo.
Por que, então, não repetir agora?
Porque o Athletico não é o Atlético, e a diferença não é apenas a letra h do seu nome.
A diferença é que a saída do Atlético-MG é seu ponto forte, com três jogadores e Sampaoli empurrando cinco homens para trás. Se a bola não nascer limpa, não chegará ao ataque em condição de criação.
O Athletico é diferente, porque seu esquema não é tão ousado no primeiro passe. Seria mais importante cuidar de ter os mais marcadores no meio de campo.
“É um jogo de xadrez”, disse o centroavante Renato Kayzer na saída do primeiro tempo.
O contra-ataque foi fundamental para o Athletico fazer seu gol. Paulo Autuori tem montado a equipe com Nikão pela faixa central, segundo atacante. A ideia é o desarme na intermediária, mas o São Paulo também sofreu na saída dos zagueiros.
Daniel tornou-se mais meio-campista com a entrada de Vitor Bueno, no lugar de Bruno Alves, no intervalo. Fernando Diniz costuma fazer isto: tirar um zagueiro. Não significa tornar o time mais ofensivo, mas a intenção é sempre essa. Sempre boa ideia.
Tentou isso porque não conseguiu chegar com passes decisivos de seus homens mais adiantados, Daniel Alves, Gabriel Sara e Igor Gomes, no primeiro tempo. Empatou com chute de fora da área de Tchê Tchê, o nono gol de fora da área da equipe de Fernando Diniz, 18% de sua produção ofensiva no Brasileiro.
Mas o São Paulo segue sofrendo mais do que sofria. Perdeu o brilho. O Athletico finalizou mais, apesar de ter menos posse de bola.
Todo campeão passa por maus bocados, não há campeão invicto desde o Internacional de 1979, e é óbvio que é permitido perder para ganhar o campeonato. Mas é, principalmente, necessário entender como os rivais entendem suas características e as marcam. Criar métodos de surpreender os rivais, quando descobrem seus segredos.
O São Paulo está no momento exato em que precisa descobrir esses anticorpos.
Além de não estar simples, o líder do Brasileiro terá o confronto contra o Internacional na próxima quarta-feira (20). Confronto direto com um dos rivais que mais ameaçam na tentativa de tirar o título do Morumbi.
O DÉRBI CORINTIANO
Vagner Mancini recontratou Cazares. Conhecia-o do Atlético-MG, onde trabalhou em 2019. Não o queria pelo lado e precisava de seu talento, com preparação física ideal, pelo meio. Passou dois meses trabalhando para isso. Não é coincidência.
O DÉRBI PALMEIRENSE
Difícil medir se será o Palmeiras tenso do jogo contra o River Plate ou leve do primeiro tempo contra o Grêmio. Não se trata apenas da condição física, mas da tranquilidade para jogar. O Palmeiras tem jogadores jovens e talentosos. O desafio é fazê-los jogar bem sempre.
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