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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Aumento do número de óbitos não se deve ao futebol

Muita gente julga que a paralisação do esporte é um símbolo

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Se o futebol tem de parar, então, que pare. Mas é preciso entender que o crescimento do número de óbitos não se deveu ao futebol, mas ao comportamento das pessoas (nós) e ao nosso desgoverno.

Há um ano, era óbvio que tinha de parar. Tudo era novo e temerário. Quando a bola parou, em 16 de março de 2020, havia uma morte por Covid no país. Quando o Campeonato Carioca voltou, em junho, eram 1.240 por dia. Quando o Paulista retornou, em julho, 1283 em 24 horas. O primeiro turno do Brasileiro terminou em 2 de novembro, com 403 mortes ao dia.

O número de mortes cresceu sem futebol e desceu com futebol. Não subiu porque não havia jogos, nem caiu por haver. A relação não é direta. Muita gente julga que a paralisação precisa acontecer como um símbolo.

Estádio do Pacaembu, onde foi montado um hospital de campanha durante a primeira onda da pandemia do novo coronavírus
Estádio do Pacaembu, onde foi montado um hospital de campanha durante a primeira onda da pandemia do novo coronavírus - Ronny Santos - 18.jun.20/ Folhapress

Os governos da Europa entenderam que não. Julgam a interferência do futebol ser mínima e que os jogos seguiram no lockdown da Inglaterra e Portugal e também nas proibições de visitantes à Alemanha.

É óbvio que a situação na Europa é diferente. Mas era grave a ponto de se retornar ao lockdown.

Reunidos com a Federação Paulista na quarta-feira (10), os promotores do Ministério Público de São Paulo afirmaram que precisam proteger as pessoas e, por isso, julgaram indispensável paralisar o campeonato estadual.

O contra-argumento da Federação foi de que proteger as pessoas exigia observar a base da pirâmide. Nos clubes do interior, Séries A-1, A-2 e A-3, jogadores, técnicos, massagistas e roupeiros não têm plano de saúde.

Com os jogos em andamento, são testados duas vezes por semana. Protegem assim suas famílias, como o Estado não conseguiu fazer entre o fechamento do futebol, em março de 2020, e as portas cerradas pela segunda vez, em março de 2021.

Em um ano, o Brasil não conseguiu testar, nem vacinar, nem convencer o prefeito de São Paulo a não ir ao Maracanã, na final da Libertadores, no único jogo com convidados desde que a pandemia começou.

Diante do argumento dos funcionários de clubes pequenos, cujas famílias podem lotar o SUS, se não forem testados, os promotores de São Paulo se calaram, na quarta-feira (10).

Mas o número de mortes recorde naquela noite fez o governador João Doria mudar de ideia. Ele é o governador para isso.

O futebol tem repercussão, boa e ruim, e diante da divisão de opiniões, entre os que julgam um símbolo parar os campeonatos e quem entende que o futebol não interfere na tragédia em que nos metemos, Doria morde e assopra.

Um dia depois de definir a permanência do Campeonato Paulista, decidiu fechar. Mas anunciou a paralisação entre os dias 15 e 30, com jogos neste final de semana.

O vírus deve estar de folga no sábado e domingo. Se a paralisação do futebol vai ajudar a diminuir as mortes, então para. De acordo.

É de se ponderar que Doria nos governou de maneira menos ruim do que Bolsonaro nessa tragédia. Também é de se entender que chegamos a esse momento trágico pelo desgoverno e pela irresponsabilidade. Quem fracassou na pandemia fomos todos nós, o país inteiro.

NOVO CICLO

Com a primeira ausência de Messi e Cristiano Ronaldo das quartas de final em 16 anos, imagina-se um novo ciclo que se inicie com Haaland e Mbappé. O norueguês ainda é uma dúvida. Mbappé, não. É certeza. Como joga o francês!

Mas o crescimento do Paris Saint-Germain e o retorno de Neymar, nas quartas de final, permite a dúvida sobre a Champions League terminar de novo com sucesso da dupla.

Neymar perdeu terreno para Mbappé. Mas ainda tem a chance de brilhar nesta temporada sem Messi e Cristiano Ronaldo.

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