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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Derrota do Palmeiras pede reflexão, mas não pode ser superestimada

Temporada vencedora permite pensar nos acertos, ponderar erros e não criar terra arrasada

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O Palmeiras ganhou a Libertadores e perdeu o Mundial oito dias depois. Venceu a Copa do Brasil e caiu nos pênaltis na Recopa e na Supercopa. As oscilações já produziram avaliações de que o time precisa ligar o sinal de alerta e de que o clube se contenta com pouco.

Nem o clube nem a torcida ficaram contentes.

Mas ter sua temporada mais vencedora no século 21, com Libertadores e Copa do Brasil, permite pensar nos acertos, ponderar os erros e não fazer das derrotas a terra arrasada que se propõe.

O mesmo vale para o Grêmio. Estava claro que Renato Portaluppi enfrentava um possível fim de ciclo, o que não precisava representar a sua saída do cargo de treinador.

Quantos ciclos Alex Ferguson teve no Manchester United? Ou Carlo Ancelotti? O italiano teve inícios e reinícios em oito anos de Milan, campeão de duas Champions League e derrotado em outra final, pelo Liverpool, depois de estar vencendo por 3 a 0, levar 3 a 3 e cair nos pênaltis.

Aquele Milan, que levou a virada mais incrível de uma decisão de Liga dos Campeões, precisava de uma chacoalhada para renascer?

Não! Foi semifinalista na temporada seguinte e campeão da Champions dois anos depois, com sete titulares iguais. Nenhum jogador ficou contente com o vice-campeonato contra o Liverpool. Pergunte a Hernán Crespo, técnico merecidamente elogiado no São Paulo por seu início de trajetória, vice naquela final do Milan. Justamente Crespo, que agora pode aumentar a turbulência se vencer o clássico.

Às vezes, no Brasil, a derrota é superestimada. Mas ela sempre estará presente, para um dos dois lados. Só um time terá a taça.

O caso do Grêmio, eliminado em casa pelo Independiente del Valle, é mais grave do que o do Palmeiras. Porque os cofres do Allianz Parque deixarão de receber R$ 6 milhões, na soma das frustrações de Recopa e Supercopa e, no caso gremista, haveria mais R$ 17 milhões por jogar apenas a fase de grupos.

O Grêmio é o clube mais superavitário do Brasil, mesmo tendo receita menor do que o Flamengo. Deixar de embolsar o que a Libertadores oferece indicará menos investimento. Não menos ambição.

O Palmeiras sai da semana de decepção com a certeza de que precisa ter um acréscimo técnico. O melhor elenco do Brasil não possui um supercraque. O Flamengo, sim. Tem Gabigol, De Arrascaeta, até Bruno Henrique. No Allianz Parque tem Raphael Veiga, Rony... Gabriel Menino será falado por décadas. Entende o jogo por dentro. É ótimo, não decisivo.

Jogadores com uniforme verde e branco perfilados e abraçados no gramado; vários olham para baixo
Jogadores do Palmeiras durante a disputa de pênaltis na final da Recopa - Buda Mendes - 14.abr.21/Reuters

É necessário um acréscimo, não uma revolução. Pode-se melhorar o time da melhor temporada verde dos últimos 40 anos.

A reflexão pedida pela noite de quarta-feira (14), das dores de gremistas e palmeirenses, é outra. As pernas vão pesar para todas as equipes brasileiras durante todo o ano. Depois da paralisação pela pandemia, o Palmeiras disputou 74 partidas, o Grêmio, 73, o Independiente del Valle entrou em campo 43 vezes, e o Defensa y Justicia, 41.

Como você já leu nesta coluna, com mais de 600 telefonemas durante os 124 dias de paralisação, o entendimento é de que nenhum dirigente de clube quis abrir mão de contratos. As receitas caíram menos do que cairiam porque o número de jogos seguiu intacto.

Tudo na vida tem ônus e bônus. É impossível cravar que jogar o dobro de partidas de argentinos, uruguaios, paraguaios, colombianos e equatorianos fará os clubes brasileiros perderem os principais títulos da temporada. Esse fator pode não ser decisivo. Mas vai atrapalhar.

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