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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Campeão paulista, São Paulo de Crespo revive marcação individual

Conquista tira peso de fase sem títulos e permite entrar em disputas mais ambiciosas

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A primeira grande evidência de que o técnico argentino Hernán Crespo gosta da marcação homem a homem aconteceu no jogo contra o Bragantino. A preocupação com Claudinho, eleito o melhor jogador do Campeonato Brasileiro de 2020, fez com que o treinador escolhesse Luan para perseguir o camisa 10 adversário.

O São Paulo venceu por 2 a 0 e Luan foi destaque. Nas duas finais contra o Palmeiras, o volante virou o cão de guarda, perseguidor de Raphael Veiga, a quem Abel Ferreira substituiu nas duas partidas, pela sua absoluta falta de reação.

São Paulo fez marcação individual e levou a melhor sobre o Palmeiras de Abel Ferreira
São Paulo fez marcação individual e levou a melhor sobre o Palmeiras de Abel Ferreira - Rubens Cavallari/Folhapress

Crespo foi treinado por José Mourinho, no Chelsea, por Carlo Ancelotti, no Milan, por Roberto Mancini, na Internazionale, por Alberto Malesani, no Parma, e todos são discípulos da marcação por zona, introduzida na Itália pelo sueco Nils Liedholm e popularizada no país da “marcatura a uomo” por Arrigo Sacchi.

Talvez por ter sido campeão da Libertadores sob o comando de Ramón Díaz, Crespo adota até hoje esse tipo de marcação, meio fora de moda.

Tem dado certo. Assim como Cuca, adepto da marcação por encaixe, usada no passado por Rubens Minelli, Crespo recorre ao que aprendeu na escola.

Luan não apenas anulou Raphael Veiga nos dois jogos como foi o autor do gol da vitória são-paulina.

Aproximou-se da grande área e teve a coragem que faltou a todos na maior parte do tempo. Justamente a finalíssima que teve a estreia de Vanderlei Luxemburgo como comentarista de rádio, na Capital, parecia marcada pela frase consagrada pelo treinador mais vezes campeão paulista: “O medo de perder tira a vontade de vencer.”

Abel Ferreira tentou ganhar o jogo em contra-ataques e, mesmo depois de levar 1 a 0, até depois das alterações, manteve o sistema 3-5-2. Trocou o zagueiro Luan pelo meia Gabriel Menino, que passou a ser ala, com Mayke escalado como terceiro zagueiro.

O Palmeiras seguiu sem criatividade, e o São Paulo usou o contra-ataque. Rodrigo Nestor entrou no lugar do são-paulino Luan, seguiu a estratégia da marcação individual e também foi ao ataque para cruzar para Luciano decidir a finalíssima.

O título faz justiça a um clube que deu prioridade à conquista. Há 15 anos, o São Paulo foi o primeiro a dizer, com clareza, que o Paulista não valia mais nada, na sua visão. Acontece que a última década tirou do Morumbi a hegemonia do país e também os troféus menos importantes. Daí a necessidade de tirar o peso das costas com a taça regional.

Justo comemorá-la.

O Palmeiras correu o risco da eliminação precoce na fase de grupos, porque escolheu usar o Estadual como experiência para descobrir jogadores. O discurso não existiu apenas depois das derrotas, mas antes da estreia, como disseram abertamente os dirigentes do clube.

Comemoraria a conquista de qualquer maneira e vai sentir a dor da terceira derrota em decisões neste início de temporada, sempre sabendo que as taças mais importantes virão à frente. Mas o estadual deixará uma ferida, porque perdido para um grande rival.

Para o São Paulo, ao contrário, tira o peso da fase sem títulos e permite entrar nas disputas mais ambiciosas com menos cobrança. O país pode voltar a temer um de seus maiores clubes, mais preparado para retomar as conquistas.

Núcleo de Imagem

MORUMBI

O Morumbi é o cenário perfeito para a decisão vencida pelo São Paulo contra o Palmeiras. Neste século, os alviverdes visitaram a casa são-paulina 29 vezes. Ganharam apenas três, em 2001, 2002 e 2018. Abel Ferreira não precisava vencer. Só empatar.

MEDO

Se o medo de perder tira a vontade de vencer, como dizia Luxemburgo, Rogério Ceni usa em seu telefone outra mensagem: “Improvável ganhar se não assumimos a possibilidade de perder". O Flamengo assume. A frase é originalmente de Juan Carlos Osório.

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