Clássico contra o Flamengo, no Maracanã, seria ideal para ter a velha característica do Palmeiras, de marcação forte na intermediária, pressão no adversário com a bola, velocidade para chegar ao gol do rival.
Abel Ferreira diminui, pouco a pouco, a dependência do contra-ataque. Constrói o jogo muitas vezes recuando a bola até Wéverton, o segundo jogador com mais passes nos dois clássicos contra o São Paulo, média de 46 por jogo. Não adianta ser moderno e perder.
O técnico português sempre salienta que deseja ser forte nas partidas inteiras. “Não existe só o tiki taka, não existe só a posse de bola. É preciso ser equilibrado e usar os quatro momentos do jogo. Tem de ser bom ao defender, ao apressar o contra-ataque, tem de ser bom no jogo posicional com a bola e, quando a perde, ao tentar retomá-la.”
A pergunta é se está tentando montar um time que trabalhe mais a bola e dependa menos do contra-golpe. Abel entende que o Palmeiras já fazia isso, mesmo quando ganhou a Copa do Brasil, tinha seu contra-ataque elogiado, mas havia quem notasse falta de repertório.
A segunda pergunta deste colunista a Abel Ferreira, nesta semana, foi sobre a teoria do técnico campeão da Champions League, Thomas Tuchel, de que o futebol será disputado em sistemas 3-1-4-2, com até seis atacantes.
“Nós jogamos assim, como diz o Tuchel. Temos a saída com três, um à frente deles, uma linha de quatro com Menino à direita e Viña à esquerda, dois homens na frente.”
Não se trata de sistema tático, mas da movimentação quando se tem a bola.
Abel está certo ao dizer isso e errado apenas ao se incomodar com a falta de cultura de quem não consegue observar. O Flamengo também tem jogado dessa maneira, à exceção da partida contra o Vélez. Rogério atua no 4-4-2, com linha de quatro defensores, mas faz a saída com Filipe Luís junto aos beques.
Diego faz o pivô defensivo, à frente de Arão e Rodrigo Caio, Isla e De Arrascaeta abrem pelos lados para aumentar o espaço na defesa rival. Aquilo que se convencionou chamar de “dar amplitude”.
Não é necessário usar nomes diferentes, mas entender a estratégia. Também saber se dá resultado.
Porque, como o futebol não é um jogo simétrico e desenhar na prancheta não resolve no campo, nem sempre dá certo. O Flamengo segue tentando exercer seu estilo: empurrar o rival para trás. Por mais que deseje ter equilíbrio, há partidas em que a velocidade é a melhor opção para o Palmeiras.
Evidentemente seria o caso no Maracanã. Daí ter saído do aperto dos primeiro quinze minutos com escapadas rápidas e quase marcar com Luiz Adriano e, mais tarde, finalização de Rony, em duas excelentes defesas de Diego Alves.
Repleto de craques, foi o Flamengo quem marcou o gol da vitória por 1 a 0, em contra-ataque puxado pelo turbo de Bruno Henrique. Superou Gabriel Menino, Luan e Gómez e cruzou para Pedro marcar pela segunda vez contra o Palmeiras. Agora são oito partidas sem derrotas rubro-negras contra o vice-campeão paulista.
A primeira rodada do Brasileiro não foi empolgante, mas há boas coisas para observar. Não haverá marasmo tático. As variações de Flamengo e Palmeiras ajudam a entender isso.
RISCO DINIZ
O risco do Santos não é Fernando Diniz, mas a contratação dele. Isso apenas porque os dirigentes santistas não se conformavam com Ariel Holan, porque ele usava pouco a velocidade. Fernando Diniz faz o Santos empurrar os rivais para trás. Aí, falta espaço para os velocistas.
A EVOLUÇÃO
Campeão paulista e candidato ao Brasileiro, o São Paulo esbarrou na marcação do Fluminense. Roger Machado queria que o posicionamento tirasse espaço dos meias são-paulinos. Conseguiu. Se afunilar as jogadas contra adversários fortes, Crespo terá outras dificuldades.
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