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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Plano de Guardiola perde para a melhor defesa da Europa

Técnico catalão viu o Chelsea de Tuchel conquistar o bi da Champions

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Guardiola deixou claro em sua entrevista pré-jogo a razão de escalar Gundogan como volante, sem Rodri e Fernandinho.

Gundogan já foi a razão de o Borussia Dortmund não sofrer gols, em 2013. Agora, é o artilheiro do City na temporada.

Não foi bom recuá-lo.

Mas Guardiola explicou que precisava abrir espaço na defesa do Chelsea, que se posiciona com cinco homens em linha.

Sterling jogou aberto pela esquerda, e, muitas vezes, o genial técnico catalão invadiu o campo rival com seis jogadores atacando.

Resultado prático: congestionamento. Em vez de abrir espaços, fazia com que 15 jogadores atuassem em 15 metros, 9 defensores azul-escuros, 6 avantes de azul-claro. No primeiro tempo, só houve um chute a gol do City, uma dividida de Sterling com Edouard Mendy, aos 11 minutos.

Em compensação, o Chelsea produziu chances claras com Timo Werner. Aos 42 minutos, uma construção de jogo com o goleiro Mendy permitiu o lançamento de Mason Mount para o gol do alemão Havertz.

Nunca ouse chamar o alemão Thomas Tuchel de retranqueiro, porque ele tem o discurso oposto ao de Zagallo, do final da década de 1990, quando o brasileiro previa o futebol jogado no 4-6-0, sem atacantes. Tuchel é fã confesso de Guardiola e já teve jantares particulares com o catalão, quando trocaram muitas experiências sobre futebol.

Além disso, Tuchel prevê o futebol do futuro com seis atacantes, num 3-1-4-2. É mais ou menos o que tenta fazer quando tem a posse de bola.

À frente de seus três defensores, dois alas e os volantes Kanté e Jorginho, para recuperações de bola e invasões surpreendentes.

Mount e Havertz são pontas, ou meias, que recuam para formar a linha defensiva do meio-de-campo. A sanfona de Antonio Conte, campeão inglês de 2017 com um 5-4-1 defensivo, que se transformava num 3-4-3 ofensivo, é muito parecida com a que sobrevive com Tuchel.

Não passa mais tempo no ataque porque assumiu em janeiro e reformou pouco o que Frank Lampard deixou.

Brilhante matéria do repórter Diego Torres, do El Pais, da Espanha, lembrou de um jantar entre Guardiola e Tuchel, em Munique. Pep soube do encontro de seu ex-diretor, Michael Reschke, com Tuchel, e pediu permissão para participar.

Reschke conta que Guardiola e Tuschel relembraram jogos do passado e discutiram estratégias com copos, saleiros e pimenteiros. O futebol é cada vez mais um jogo de espaços, as estratégias obrigam a atacá-los, e Guardiola segue sendo o maior mestre do planeta em fazer isso.

Mas há quem saiba diminuir esses espaços e decifrar os segredos sobre como descobrir pequenos buracos, informação suficiente para bloqueá-los.

O plano de Guardiola de usar Sterling para alargar a defesa do Chelsea com quatro, ou cinco atacantes, falhou. Pode ser um pecado tirar o título do mais criativo e transformador treinador do planeta, dez anos depois de seu último troféu.

Por outro lado, é justo o City não ganhar o título da Champions da qual foi suspenso. Em fevereiro de 2020, a Uefa anunciou uma punição ao time por driblar o fair-play financeiro e não colaborar com investigações. Três meses depois, a mesma entidade revogou a suspensão e transformou-a em multa de 10 milhões de euros (cerca de R$ 64 milhões na cotação atual) –dinheiro de café para o sheik Mansour.

O Manchester City é um clube dos Emirados Árabes, com sede no norte da Inglaterra. O Chelsea é um time russo do oeste de Londres que, em 2012, usou a defesa para eliminar a beleza do futebol do Barcelona.

Desta vez, ganhou o bi com a defesa capaz de bloquear o jogo de espaços de Guardiola.

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