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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Eurocopa mostrou transição e não revolução

Dilema do futebol de hoje é ser ofensivo ou não ser

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A Itália é campeã da Europa por um detalhe: Donnarumma. Não é pouco ter o novo melhor goleiro do mundo. Mas esbarrou no muro inglês por 120 minutos.

Foi um técnico italiano quem mais fez sucesso com o sistema usado pela Inglaterra na final contra a Itália. Antonio Conte foi campeão da Premier League pelo Chelsea, em 2017, jogando com um 3-4-3 que, na transição defensiva, se transformava em 5-4-1.

De surpresa, Gareth Southgate voltou ao sistema usado contra a Alemanha, para bloquear os laterais italianos.

Escalou Trippier como ala e nasceu dele o passe para o outro ala, Luke Shaw, fazer 1 a 0. Antes do jogo contra a Dinamarca, o jornalista inglês Jonathan Wilson, autor do livro “Pirâmide Invertida”, escreveu no diário The Guardian: “To Three or not to Three.” Jogar com três zagueiros ou sem, num truque de palavras que lembrava William Shakespeare: “To be or not to be.”

Ser ou não ser?

O dilema do futebol de hoje é ser ofensivo ou não ser. “A Itália realmente quer a bola”, disse um jornalista italiano em entrevista ao podcast Talk Sports, de Londres, na manhã da finalíssima. Completou com uma ressalva: “Não se compra a bola na loja de souvenirs em frente a Wembley”.

Em três minutos, mesmo querendo o controle do jogo a partir do passe, a Itália viu a Inglaterra festejar seu primeiro gol. À primeira vista, o estilo inglês poderia ser encarado como jogo reativo, mas houve variação tática. Tiveram mais posse de bola em todos os jogos, menos nos clássicos contra Alemanha e Itália.

Os dois adversários mais difíceis conseguiram tirar-lhe o passe. O que fica claro, no torneio, é que os laterais passam a ter papel cada vez mais decisivo.

Não apenas porque o gol inglês saiu de Trippier para a finalização de Shaw, mas por serem os mais importantes para o jogo de transição.

Seja no 3-4-3, que se torna 5-4-1, seja no puro 4-3-3 de Roberto Mancini. Lembre-se de Spinazzola, antes da lesão, escalado como quase ponta esquerda no ataque e capaz de salvar em cima da linha, contra a Bélgica.

Além da transição dos alas e meio-campistas, a Euro mostrou como é importante ter centroavante —o que falta ao Brasil, de Tite.

Harry Kane não é falso nove. É centroavante puro, mas com incrível capacidade de sair da área, circular pelo campo, fazer bons passes. Por vezes, faz falta Harry Kane dentro da área para finalizar. Lembre-se de que Kane foi artilheiro e líder de passes para gols no Campeonato Inglês, jogando pelo Tottenham, modesto sétimo colocado.

A Euro não mostrou nenhuma revolução, mas os conceitos mais modernos usados à exaustão. Muita pressão, troca de passes, capacidade de ir e voltar, jogo de transição rápida para evitar os espaços fechados demais.

Em comparação com a Copa América, a Europa tem mais passes e menos desarmes. Em parte, porque as marcações sul-americanas são mais agressivas e os campos piores. É mais difícil dar velocidade ao jogo nos campos brasileiros do que nos europeus.

Esse será o tom da Copa do Mundo, em 2022, com a diferença de que os jogadores não estarão em final de temporada. Pode aumentar a condição física e o equilíbrio, cada vez maior nos jogos de seleções. Das 15 partidas eliminatórias, 8 tiveram prorrogação.

Ilustração de dois campos de futebol com esquemas táticos diferentes
Folhapress

FLAMENGO DEBATE

Rogério Ceni poderia cair a qualquer momento, mas caiu mais cedo pelo vazamento de sua crise com o departamento de análise de desempenho. No Grêmio, Renato tinha o mesmo comportamento: ele decidia. Sem ouvir os analistas de desempenho.

PALMEIRAS FORTE

É incrível como uma boa conversa com coragem, sem trairagem, sem resolver por trás, ajuda. Abel Ferreira saiu da crise da falta de reforços para três reuniões sérias, com dirigentes e jogadores. Dos encontros, saiu um time mais forte. Palmeiras parece muito sólido.

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