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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro 2021

Ao questionar nosso futebol, Abel Ferreira coloca o Brasil no divã

É sempre inexato e também irresistível comparar futebol do país e da Europa

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Quatro dias depois de Abel Ferreira dizer que é difícil dirigir jogadores brasileiros, do ponto de vista mental, e de o Palmeiras vencer o São Paulo por 3 a 0 de forma incontestável, o time perde do Cuiabá, em casa.

Alguém dirá que o Palmeiras só joga em contra-ataque. Mas tem variação tática.

Dois jogadores do Cuiabá com as mãos para cima, jogador do Palmeiras caminha de perfil
Final de partida entre Palmeiras e Cuiabá pelo Campeonato Brasileiro - Rubens Cavallari/Folhapress

Um mês exato entre as quartas de final e semifinais de Libertadores podem mudar muita coisa. Trinta dias antes da vitória do Palmeiras sobre o São Paulo e do massacre do Atlético contra o River Plate, os palmeirenses tinham uma sequência de oito vitórias seguidas, que se tornariam nove.

O Galo estava invicto havia sete partidas, com dois empates no meio, e o Flamengo tinha trocado de técnico dez dias antes. Parecia que os palmeirenses eram os mais regulares, ideia completamente diferente da que existia na manhã de terça (17), antes das quartas de final.

É sempre inexato e, ao mesmo tempo, irresistível comparar o que acontece no Brasil com o que há na Europa, especialmente quando um treinador europeu fala sobre a dificuldade de dirigir jogadores brasileiros, do ponto de vista mental.

O Atlético tenta igualar um recorde que dura 43 anos, do Guarani e suas onze vitórias consecutivas, em 1978. O Galo chegou a nove triunfos seguidos. Dez é número inédito nos pontos corridos.

O Bayern de Hansi Flick, em 2020, e o Manchester City de Guardiola, em 2021, ganharam 21 vezes em série. Uma das razões para a maior regularidade lá pode ser o menor investimento aqui, o que faz com que tenhamos menos atletas especiais. Mas a tese de Abel leva a pensar que, aqui, também há menos concentração no trabalho.

A coluna perguntou ao treinador português sobre as razões de haver mais jogadores brasileiros na Champions League do que alemães, ingleses, italianos, espanhóis, holandeses, belgas... Só há mais franceses —e nem sempre.

Os brasileiros se comportam como profissionais lá e não são cobrados da mesma maneira aqui? Abel responde: “Não há comparação, porque o Brasil descobre jogadores em um universo de 200 milhões de habitantes.”

Mas a Champions tem quatro clubes de Itália, Espanha, Alemanha e Inglaterra e, pelo que se sabe, não há times brasileiros na Europa.

Sem querer ser definitivo, Abel toca na questão da escolaridade, maior déficit deste velho país do futebol. Se não formamos os melhores engenheiros, por que formaríamos os jogadores mais profissionais e concentrados?

Só que, na Europa, os brasileiros brilham.

O que nos remete, de novo, à pergunta: nosso profissionalismo não é profissional?

Após vencer o São Paulo, Abel tocou em outra questão, de ordem tática. Disse que Hernán Crespo faz algo pouco usual e marca com perseguições individuais pelo campo todo. Curioso que o argentino, o mais elogiado dos estrangeiros, adote um tipo de jogo em desuso na Europa, onde há só um bom exemplo de marcação homem a homem: Atalanta.

Cuca também adota perseguições individuais e Renato marca homem a homem na bola parada. Atlético e Flamengo também fazem pensar por que o que é bom na Europa não se repete aqui.

Atlético com marcação individual  e inversões no meio de campo
Atlético com marcação individual e inversões no meio de campo - Folhapress
Palmeiras com Veiga se aproximando de Dudu,  repetido contra o Cuiabá
Palmeiras com Veiga se aproximando de Dudu, repetido contra o Cuiabá - Folhapress

O excesso

Cruzar não é pecado, mas acima de 35 cruzamentos por jogo é indício de falta de criatividade. O Palmeiras cruzou 52 vezes contra o Cuiabá e errou 38. Finalizou em 26 oportunidades e só sete no alvo. Deu errado. Se foi a desconcentração quatro dias depois de jogar bem, Abel pode dizer.

Evolução

Esqueça o resultado e veja apenas o desempenho. O Corinthians está melhor. Jogou o primeiro tempo empurrando o Athletico para seu campo de defesa. Não é um time encantador, mas dá sinais de fortalecimento. Vai melhorar quando Renato Augusto se tornar titular.

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