O Palmeiras tem três pedras no sapato desde a chegada de Abel Ferreira: Atlético-MG, São Paulo e Flamengo. O treinador não conseguiu vencer nenhum dos dois jogos contra o Galo, dos três contra o rubro-negro e dos seis contra o rival paulista.

Mesmo sem precisar ganhar o Choque-Rei desta terça-feira (17) para avançar na Libertadores, o incômodo já produziu mudanças na escalação. Antes do empate de 1 a 1 no Morumbi, Abel ressaltou para seu grupo que seria necessário competir mais. Tirou Scarpa da equipe.

Não parece simples a relação entre o líder de assistências do país, com 16 passes certeiros, e seu treinador. Na derrota para o Atlético, no sábado, o português voltou a ter Scarpa como titular, mas o trocou pelo volante Danilo Barbosa.

É quase certo que Abel deixará Scarpa no banco contra o São Paulo. Começará com Raphael Veiga na meia direita e Dudu pelo centro. A opção de não escalar Dudu pela esquerda se explica porque alguém tem de marcar Daniel Alves. Pode ser Wesley.

Jogar em casa não é uma grande vantagem, levando em conta que o Palmeiras perdeu seis e empatou duas de suas vinte partidas da temporada no Allianz Parque, onde foi eliminado da Copa do Brasil pelo CRB.

Taticamente, o jogo são-paulino tem se sobressaído sobre o palmeirense, por causa do setor de meio de campo. Luan anulou Raphael Veiga na decisão do Paulista, Rodrigo Nestor e Liziero cuidaram de Scarpa no empate por 0 a 0 do Brasileiro e os três meias juntos ganharam o território no primeiro tempo da Libertadores.

No segundo, Dudu e Wesley aumentaram a pressão e o Palmeiras poderia ter vencido no Morumbi.

Crespo também teve sua idiossincrasia no primeiro duelo, ao deixar Benítez no banco de reservas por noventa minutos.

Há quem entenda que Crespo colocaria o meia argentino se não houvesse o crescimento do Palmeiras com a entrada de Patrick de Paula. Mas Igor Gomes, e não Benítez, substituiu Rodrigo Nestor um minuto antes do gol de empate, de Patrick.

Assim como Abel entende que Scarpa compete pouco, Crespo sabe que Benítez não marca ninguém, precisa da bola no pé e decidir rápido, porque não suporta noventa minutos. O próprio jogador já admitiu, internamente, que se comporta como atleta profissional pela primeira vez na carreira.

Há vinte dias, o Palmeiras comemorava nove vitórias consecutivas. Agora está há quatro jogos sem vencer e a única certeza é de que haverá pressão se cair.

O São Paulo, ao contrário, tem ambiente estável, mesmo na 14ª colocação do Brasileiro, porque vai bem nos mata-matas, conquistou o Estadual e não perde há seis jogos.

Curioso futebol brasileiro em que quem se aproxima mais de todos os títulos, recebe mais críticas do que quem vive no bloco médio.

É o caso desta vez. O São Paulo chega ao Allianz Parque com a mesma ambição, mas com paz para jogar.

O Palmeiras terá de competir mais, para não precisar guerrear internamente no restante da temporada.

Restam seis

Três titulares de cada lado foram escalados na rodada do fim de semana. Curiosamente das mesmas posições. Volpi, Miranda e Luan, no São Paulo, Weverton, Gustavo Gómez e Danilo, no Palmeiras. As mesmas opções deram resultados diferentes, vitória tricolor e derrota verde.

Sabedoria

O São Paulo tem demonstrado sabedoria para contornar crises: da queixa de Daniel Alves sobre dívidas ao fato do time acumular 31 lesões na temporada. Vencer ajuda a lidar bem com todas as crises. O gol de Igor Gomes contra o Grêmio serviu bem para isto.