Se você não tinha entendido por que Renato Gaúcho recusou o Corinthians, ficou no Rio de Janeiro e, dois meses mais tarde, aceitou dirigir o Flamengo, a diferença entre os dois times apresentada na Neo Química Arena, na tarde deste domingo (1º), acabou com a dúvida.
O massacre começou aos seis minutos do primeiro tempo, com gol de Éverton Ribeiro. A ideia do Corinthians era jogar em bloco baixo, no sistema 4-1-4-1, como aconteceu contra o Cuiabá.
Acostumar-se a ter uma só jogada, o contra-ataque com Mosquito pela direita, é um vício pior do que fumar, porque ninguém se engana fumando. Como já ganhou partidas com contra-ataques contra times mais frágeis, a ideia é poder fazer isto sempre.
Por bem da informação, vale dizer que Renato não recusou o Corinthians apenas por saber que desse mato não sairá coelho. Foi por isso também. Mas depois de quatro anos no Grêmio e prestígio acumulado que jamais teve como treinador, percebeu que correria o risco de perder tudo o que conquistou.
Também estava com medo da Covid. Renato voltou a morar no Rio poucos dias depois de receber alta. Ele mora em Ipanema, e sua esposa, Maristela, na Barra da Tijuca. Em vez de ir para a sua própria casa, seguiu para os braços da companheira. Precisava de companhia e carinho para superar o susto.
Renato é tão humano quanto Simone Biles ou Naomi Osaka. Ou como você e eu. Mas é óbvio que percebeu o que poderia perder de prestígio se aceitasse o Corinthians. Como Sylvinho, que convive agora com as críticas, embora todos saibamos que está difícil trabalhar em Itaquera.
Renato é o carisma e o sorriso dos jogadores, os risos e as conversas, até mesmo no banco de reservas depois de substituir estrelas. Tudo isso ajuda a identificar o ambiente. Não significa que as pessoas se odiavam quando Rogério estava lá. Mas Rogério não nos faz rir. Renato faz. Fazer o quê?
Isso não dura para sempre, mas neste momento o Flamengo encanta, como encantou com Jorge Jesus.
Há algumas mudanças táticas relevantes. William Arão voltou a fazer a saída de três, com os zagueiros. Isla avança, mas não há mais a linha de cinco homens no ataque. Renato desenha um 3-3-4, com Isla um pouco atrás de Éverton Ribeiro, o que dá margem à movimentação mais livre para o meia.
Taticamente, Rogério era mais ofensivo e menos brilhante. Difícil dizer com certeza a razão, mas o lateral direito ficava um pouco mais à frente, numa linha ofensiva com Éverton Ribeiro, Gabigol, De Arrascaeta e Bruno Henrique —quando tinha a posse de bola.
Há outra diferença: Renato tem todo o elenco. No final do período Rogério Ceni, o treinador-mito-são-paulino não tinha os convocados para a Copa América, Isla, De Arrascaeta, Gabigol e Éverton Ribeiro.
INVENTORES
O Palmeiras não vence o São Paulo há sete partidas e tem o desafio na Libertadores. Falta o jogador que invente gols. Como Dudu, ou Rony, em menor escala. Taticamente, as marcações específicas e individuais de Hernán Crespo têm dificultado o time de Abel Ferreira.
INVENTORES 2
Pelo vídeo, a arbitragem entendeu que a posição de impedimento de Miranda interferiu na ação de Patrick de Paula. Mas não houve falta. Se não houvesse impedimento, seria gol. Isto é ridículo! A Uefa demonstrou na Eurocopa como o VAR pode ajudar.
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