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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Faz 30 anos que CBF deve solução para não desfalcar clubes com convocações

Grandes ligas da Europa e vizinha Argentina param seus torneios quando seleções entram em campo

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Sete clubes da Série A cederam jogadores para seleções das Eliminatórias sul-americanas e seis deles jogaram na quarta-feira (6). Nenhum venceu. Não puxe a brasa para sua sardinha, digo, seu clube de coração. Você pode julgar que Gabigol faz mais falta ao Flamengo do que Weverton ao Palmeiras ou Arana ao Atlético-MG.

Não é disputa de sofrimento.

É a constatação de que esta situação jabuticaba, que só existe no Brasil, não pode persistir.

Há dez anos, quando Neymar ficava fora de 43% das partidas do Santos por causa das convocações para Copa América de 2011, amistosos da seleção brasileira ou Olimpíadas, havia quem defendesse que o Santos vendesse seu craque, porque não conseguia escalá-lo.

Ora... Hoje, o Flamengo tem o melhor elenco do continente e não deve abrir mão dele.

Weverton, do Palmeiras, está a serviço da seleção brasileira em jogos pelas Eliminatórias
Weverton, do Palmeiras, está a serviço da seleção brasileira em jogos pelas Eliminatórias - Lucas Figueiredo - 31.ago.21/CBF

Também não se trata de xingar os jogos de seleções ou pedir a Tite que renuncie a preparar sua melhor equipe, a um ano da Copa do Mundo. O problema da seleção é ganhar o Mundial, o que pode devolver parte do interesse para uma população de 24% que, as pesquisas revelam, não se interessam por futebol.

Não é excludente. A seleção tem de jogar com seus melhores atletas e os clubes também. A solução foi dada pela Fifa há 28 anos. Em 1993, Romário estava no Maracanã marcando dois gols no Uruguai, atuando pelo Brasil, enquanto, na mesma data, o Barcelona empatava por 0 a 0 com o Athletic Bilbao.

Não fez gol e não tinha seu artilheiro.

Nunca voltou a acontecer com clubes espanhóis, alemães, italianos, ingleses, franceses ou argentinos. Na Espanha, chamam as datas Fifa de vírus, porque muitas vezes os jogadores voltam a seus clubes machucados ou desconcentrados. Mas quando jogam as seleções, os campeonatos param.

A CBF argumenta que não adiou nem adiará partidas do Brasileiro por causa das Eliminatórias, em função do acordo homologado na Justiça do Trabalho com a Federação Nacional dos Atletas Profissionais. As férias gozadas pelos jogadores em abril de 2020 precisam se iniciar em 16 de dezembro.

Não se trata de adiar jogos, mas da necessidade de se elaborar um calendário que proteja os clubes e também a seleção brasileira.

Faz 30 anos que a CBF deve essa solução. Pode apostar que o problema se repetirá em 2022, por causa da Copa do Mundo e do estadual de São Paulo, com contrato assinado para ter 16 datas nas próximas quatro temporadas.

Quem precisa dar a solução é o departamento técnico da CBF, comandado por Manoel Flores. Mas a solução é matemática. Um ano tem 52 semanas e precisa de quatro delas para as férias e outras quatro para a pré-temporada. Também tem de tirar os dias em que os jogadores ficam nas seleções.

A subtração resulta no número de jogos possível para os campeonatos de clubes. Qualquer aluno que faça conta diferente será reprovado pelo professor de matemática.

A perfeição é uma meta

O retorno do público tem o pecado do preço alto e a resposta dos clubes de que pagam para abrir os portões. A ideia do São Paulo, por exemplo, é ter preços justos a partir de novembro, quando haverá 100% de ocupação dos estádios.

Seja quando for, o Brasil precisa mirar o que houve em 2019. Antes da pandemia, o Brasileiro teve o maior público médio em 36 anos. Muito pelo sucesso do Flamengo, mas não só. Houve um momento daquele campeonato em que cinco clubes tinham mais de 30 mil pagantes em média: Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Fortaleza.

É preciso projetar quando e como se poderá repetir aquele sucesso.

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