A torcida foi a principal razão das duas últimas vitórias do Corinthians, nos minutos finais contra Chapecoense e Fortaleza. Mas não é o único motivo de o time estar na zona de classificação da Libertadores.
O Corinthians tem conteúdo tático.
Sylvinho desabafou em sua entrevista coletiva. Disse que foi criticado quando escalou Cantillo e também quando não o escalou.
Com Cantillo, Giuliano e Renato Augusto no meio-de-campo, o Corinthians ganhou do Palmeiras por 2 a 1.
O técnico escutou críticas por afirmar que Cantillo era um "meia por trás". Podia dizer que joga de Pirlo, escalado no Milan das conquistas de Champions League em 2003 e 2007 como regente, meia defensivo que tinha dois volantes caçadores à sua frente —Gattuso e Ambrosini.
No caso corintiano, Cantillo tinha Renato Augusto e Giuliano em vez de dois marcadores. Quando faltou pegada, Gabriel foi escalado. Com seu retorno, Du Queiroz passa a ser o segundo meio-campista, porque faz pressão na saída de bola dos rivais. Foi sua função dificultar Jackson, do Fortaleza, enquanto Cantillo organizava, de frente para a jogada.
O conceito está certo, assim como a tentativa de Renato Augusto como centroavante, porque Jô não tem condição física para ser o titular e Róger Guedes participa menos do jogo do que gosta, atuando como nove. Róger disse em entrevista ao Bem, Amigos, do SporTV, que conversou com Sylvinho e decidiram que seria melhor voltar para a função de segundo atacante, pela esquerda.
Verdade que Jô melhorou a equipe nas retas finais das partidas contra Chape e Fortaleza. Porque disputou 16 minutos.
Só havia um motivo para acreditar no Corinthians na Libertadores: os quatro reforços. Juntos, atuaram apenas 183 minutos. Giuliano foi o primeiro a estrear, no empate com o Santos, na Vila Belmiro. Depois do resultado, o Corinthians estava em 12º lugar. Hoje é o sexto, melhor campanha corintiana desde o título de 2017.
Ainda falta agressividade. O Corinthians de hoje circula a bola e agride pouco. Tem de ser o próximo passo da montagem de um time que se estrutura para 2022 e depende dos últimos dez jogos de 2021 para estar na Libertadores. Então, contratar um bom centroavante.
Sylvinho conhece futebol moderno e tem estratégia. Está ansioso. Três dias depois de Marcelinho Carioca fazer comentário preconceituoso sobre o vestuário de Sylvinho e suas camisas abotoadas até o pulso, o técnico apareceu no Beira-Rio com as mangas arregaçadas. O corpo fala.
Seria um pecado perder a chance de formar um novo e bom treinador. Se o Corinthians contratou-o tendo apenas 11 partidas na carreira é porque aposta que dará certo. O preço é saber que o futuro será melhor, se a direção matar as críticas no peito, no presente.
O que não pode é o Brasil julgar normal que 65% dos clubes da Série A tenham três ou quatro treinadores neste ano.
Sylvinho não é Guardiola, mas trabalhou com ele no início de sua carreira e há de se lembrar dos dois primeiros jogos do catalão no Campeonato Espanhol. Perdeu do Numancia e empatou, no Camp Nou, com o Racing Santander. A pressão inicial não prosperou. O Barcelona sabia quem estava nascendo. Imagine se tivesse desistido.
PALMEIRAS FORTE
Depois de sete rodadas sempre com mais posse de bola do que seus rivais, o Palmeiras voltou à versão contragolpe. Com a qualidade de Raphael Veiga e uma variação. Sem Felipe Melo, quem fez a saída de três foi Marcos Rocha e, às vezes, o goleiro Weverton.
DEZ PONTOS
O Atlético-MG tem 65 pontos e nunca um vice-campeão fez 75. Faltam três vitórias e um empate. A vitória sobre o América foi a fórceps, com muita presença no ataque e pouco brilho. Mas veja a jogada do gol. Arana era o quinto atacante, na linha de frente.
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