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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Não dá para acusar o técnico se a crise é do São Paulo, não de Ceni

Contra o Flamengo, porém, tentativa de voltar a uma linha de quatro defensores foi um desastre

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O Flamengo marcou seu primeiro gol aos 23 segundos, o segundo aos 2 minutos, o são-paulino Calleri foi expulso aos 10 e, numa chance clara para diminuir, o São Paulo teve a bola tocando na canela de Rigoni.

Não dá para acusar um treinador de ser responsável pela instabilidade tática, ou emocional, de um time que perde o jogo em dez minutos.

A tentativa de ser justo não exclui que se perceba como Rogério Ceni caminhou, nos últimos quatro anos, entre ser inovador e comum.

Ninguém no Flamengo discute que seus métodos são mais modernos do que os de Renato. E, no entanto, jogadores consideram uma surpresa positiva o trabalho de Renato, elogiam o ambiente leve, enquanto Rogério entra em uma evidente briga contra a zona de rebaixamento, lugar em que deixou o São Paulo em sua primeira passagem, em 2017.

Rogério mudou o sistema tático contra o Flamengo. Desceu da ideia do 3-5-2, que deu ótimo resultado contra o Internacional, maus sinais contra o Fortaleza e o Bahia, e voltou para a linha de quatro defensores que deu excelente performance contra o Corinthians.

Contra o Flamengo, um desastre.

Não pelo sistema, não pela culpa exclusiva do treinador. A troca de Crespo por Rogério Ceni deu, até agora, no mesmo: briga para não cair.

Tem seu pior ataque da história no Brasileiro, em média, e o segundo pior desempenho ofensivo em uma temporada completa.

É mais culpa do clube do que do técnico, mas Rogério não deslancha. Campeão brasileiro de 2020 pelo Flamengo, foi demitido sob acusação de não conviver com a estrutura multidisciplinar montada no Ninho do Urubu.

Contradisse seu discurso de trabalhar só no ano seguinte ao assumir o Fortaleza, no retorno em 2019, ao trocá-lo pelo rubro-negro, em 2020, e ao reassumir o São Paulo, em 2021. "Eu não pretendia trabalhar mais neste ano, mas... blá-blá-blá..."

Ninguém nega a Rogério Ceni o conteúdo tático que possui nem sua busca por estratégias modernas. Mas deixou o Cruzeiro com acusações sobre sua liderança em um vestiário difícil, saiu do Flamengo com discussões sobre sua relação com outros departamentos.

"Para falar a verdade, nem eu sei explicar", disse Igor Gomes, no intervalo, sobre a derrota parcial de 3 a 0 no primeiro tempo.

Não existe milagre. Trocar Crespo, que marcava com perseguições individuais, por Rogério, que marca por zona, resulta em irregularidade.

Rogério poderá ser um excelente treinador para o São Paulo em 2022. Neste ano, terá de brigar contra o rebaixamento. Bem entendido, a luta é pelo clube e não por sua reputação:

"O técnico deles sabe que eu gosto de ir para cima", disse Michael. O novo artilheiro do Brasileiro, com 13 gols, não citou o nome de Rogério. Marcou 20 gols desde que chegou ao Flamengo, 14 deles sob o comando de Renato.

Ser técnico não é simples. É preciso convencer o vestiário de que se é bom, seduzir a torcida, a diretoria, dar certeza à imprensa de que se é diferente. E o mais difícil: ser bom. Rogério é bom. Mas não conseguiu ainda convencer a todos.

A crise é do São Paulo, não do técnico.

Mas Rogério tem o desafio de se afirmar. Talvez, o de se relacionar. Por que Michael não citou seu nome? Disse apenas: "O técnico deles."

Campinho do PVC de 15.nov.2021
Campinho do PVC de 15.nov.2021 - Núcleo de Imagem
Campinho do PVC de 15.nov.2021
Campinho do PVC de 15.nov.2021 - Núcleo de Imagem

O melhor amigo

Renato Augusto foi o melhor amigo de Sylvinho no fim de semana. Defendeu-o por escalá-lo como centroavante e foi o destaque na vitória sobre o Cuiabá. Só que escancarou que seria muito melhor ter Renato como meia do que no ataque. Sem querer, expôs o suposto erro do técnico.

Vantagem de Mayke

A escalação de Mayke contra o Fluminense pode ser um sinal de que será o titular na decisão contra o Flamengo, em Montevidéu. Não dá para ter certeza, porque Abel continuará fazendo testes até a finalíssima. Mas é mais provável do que o sistema com três zagueiros.

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