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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Consenso na eleição da CBF não é o mesmo em negociação da liga de clubes

Ednaldo Rodrigues ganhou eleição na Confederação, mas clubes divergem sobre novo Brasileiro

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Santa contradição, num país polarizado há dez anos houve uma rara unanimidade nesta semana: o novo presidente da CBF. Sua competência não é incontestável, mas todos os clubes votaram em Ednaldo Rodrigues para ser o primeiro presidente negro da entidade, mandatário até 2026.

Apenas duas exceções. A Ponte Preta enviou representante que se apresentou com a xerox de uma procuração, vetada pelas regras. Não pôde votar. E a Federação Alagoana, do vice-presidente, Gustavo Feijó, que tentou na Justiça anular o pleito.

Ednaldo Rodrigues discursa após ser eleito presidente da CBF
Ednaldo Rodrigues discursa após ser eleito presidente da CBF - Lucas Figueiredo/CBF

Fora isso, todos os presidentes escolheram Ednaldo Rodrigues, eleito com o compromisso de apoio à formação da Liga.

Curioso que o consenso para eleger Ednaldo seja inversamente proporcional à concordância sobre os termos da formação da nova Liga. Seja pela discussão dos direitos de TV, seja pela escolha de qual empresa irá formatar o modelo e trazer um investidor.

A maior parte dos clubes grandes está próxima da Codajás Sports Kapital, representada por Flávio Zveiter. A reunião com o presidente da Liga Espanhola, Javier Tebas, pode dar força ao projeto intermediado pela XP e Alvarez & Marsal.

Só que a polêmica do contrato do Cruzeiro com Ronaldo pode provocar arranhões. "Se alguém tiver agenda oculta, pode", diz um dos envolvidos na disputa.

O executivo da XP, Pedro Mesquita, é um dos intermediários de Tebas. Corre o risco de ser acusado de ser contratado pelo Cruzeiro e defender as cláusulas favoráveis a Ronaldo. Um elemento do jogo político.

A Liga e Ednaldo são peças duvidosas no processo que definirá se o Brasil seguirá na elite do futebol mundial ou se terá futuro igual ao de seu basquete, bicampeão mundial.

Quem ama basquete vê NBA.

Quem adora futebol ama a Champions League, mas até mesmo Javier Tebas entende que o novo Brasileiro tem potencial para ser o quinto campeonato mais importante do planeta, de saída.

Com investimento, marketing e profissionalismo, o Brasil pode ter o torneio mais relevante das Américas. Mais do que a Major League Soccer e do que a Libertadores.

Ednaldo Rodrigues não precisa participar deste processo. Basta não atrapalhar. Se for bem, pode ter também um papel de articulação, mostrar aos clubes que as brigas por moedinhas atrapalham o ex-país do futebol na tarefa de arrecadar bilhões.

É improvável que Ednaldo demonstre esta capacidade. Também é duvidoso que os presidentes de clubes tenham posições tão uníssonas para formatar a liga, quanto mostraram na unanimidade para eleger Ednaldo.

Os próximos quatro anos serão decisivos e é fundamental que os dirigentes mais expressivos trabalhem pela recuperação deste ex-país do futebol.

Passada a batalha pelo poder da CBF, é tempo de definir programação da seleção para a Copa, respaldar os jogadores que se chocaram com a relação com o ex-presidente, Rogério Caboclo, durante a disputa da Copa América, discutir premiações, montar toda a estrutura para tentar voltar a ser campeão do mundo.

Paralelamente, fomentar a Liga. Ajudar a articular os clubes, escolher o executivo que faça o processo ser profissional, e não clubista, criar as ferramentas para o Brasil ter seu campeonato com visibilidade internacional.

Como disse Javier Tebas, em sua palestra aos dirigentes brasileiros, dar unidade aos clubes é sempre difícil. Mas conseguiu melhorar as relações Barcelona-Real Madrid.

Se Tebas acredita na Liga Brasileira, falta o Brasil acreditar nela. O novo presidente da CBF tem o dever de viabilizar um novo futebol do Brasil.

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