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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu
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Livro de Abel Ferreira não apresenta reinvenção da roda, mas é lição de casa

Técnico do Palmeiras explica questões táticas e se diz também um ladrão de ideias

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O livro de Abel Ferreira, "Cabeça Fria, Coração Quente", não apresenta ao futebol brasileiro a reinvenção da roda. Não se trata de uma revolução, nem tem essa pretensão. É uma lição de casa.

A obra escrita pelo assistente técnico Tiago Costa, assinada por Abel Ferreira e toda a comissão do Palmeiras, tem a coragem de expor estudos, aprendizados e correções durante 16 meses de trabalho.

Se alguém vai copiar ou descobrir segredos, não importa. A ideia é permitir que mais gente entenda mecanismos de trabalho e a dinâmica do jogo.

Abel Ferreira em partido do contra o Athletico na Recopa Sul-Americana
Abel Ferreira em partido do contra o Athletico na Recopa Sul-Americana - Pilar Olivares - 23.fev.22/Reuters

"Percebemos que virtualmente não há obras desse tipo no Brasil", escreve Tiago. Só não é verdade absoluta, porque Vanderlei Luxemburgo lançou "É Campeão!" sobre a tríplice coroa do Cruzeiro, de 2003, e "Profissão Campeão", sobre o Brasileiro do Santos de 2004.

Mas Abel tem razão ao perceber a carência. Zagallo deveria ter um livro sobre o tricampeonato mundial, de 1970, Parreira sobre o tetra, Felipão sobre o penta. Tratamos Tim e Ênio Andrade como estrategistas e não há sequer um escrito sobre seus métodos.

Abel não se mete a professor e expõe suas fraquezas. Ao chegar ao Palmeiras, ouviu que deveria esquecer-se de tudo o que aprendeu na universidade. "A densidade competitiva do futebol brasileiro desafia todas as leis de performance", escreve.

Explica, no capítulo 15, a descoberta de que precisava fazer treinos complementares de vídeo, para lesionados que passaram dias sem treinar e tinham chance de jogar no dia seguinte.

A maior parte dos treinadores brasileiros faz isso há muito tempo. Não é uma novidade e Abel não diz que é. Não trata o assunto como algo que implementou, mas que precisou incorporar a sua rotina.

A cultura do futebol sempre passou de boca em boca, no Brasil. Quem teve a sorte de conviver com Telê Santana aprendeu com ele. Quem não teve, só ouviu falar. Na Europa, é mais fácil ler sobre o que funciona ou dá errado. De Johan Cruyff a Pep Guardiola e José Mourinho.

Abel explica questões táticas. Por que razão prefere a construção com três homens, desde a defesa. "É como fazer amor", escreve. A metáfora não é boa, mas tenta mostrar que aumenta qualidade, diminui riscos, pode ser realizada com o lateral direito, ou um volante, ou um lateral esquerdo, e o plano pode mudar dentro de um mesmo jogo.

Campinho
Palmeiras: construção a três com lateral - Núcleo de Imagem

Mostra não ter medo de ter segredos desvendados, assim como percebeu que o River Plate mudaria o sistema tático para a segunda semifinal da Libertadores de 2020, por ter lido "El Pizarrón de Gallardo", sobre o trabalho de Marcelo Gallardo.

"Não lemos para conhecer o River, que já tínhamos analisado por vídeos. A leitura nos permitiu conhecer ideias de Gallardo", conta. "Nós, treinadores, somos criadores e ladrões de ideias. Seja de exercícios, dinâmicas ou situações de bola parada. A melhor forma de continuar a evoluir é criar nosso próprio conhecimento e, sempre que possível, roubar ideias de outros treinadores."

É possível copiar algumas coisas do atual Palmeiras bicampeão da Libertadores, outras do Flamengo de Jorge Jesus ou do City, de Guardiola. Roubar a ideia de registrar trabalhos vencedores em livros pode ser bem útil para formar bons técnicos no futuro.

O dérbi
Vitor Pereira ficou satisfeito com a vitória do Corinthians sobre a Ponte Preta e não foi pela goleada. Viu um time ousado, agressivo, sempre tentando roubar a bola no ataque. Prometeu tentar fazer o mesmo contra o Palmeiras, na quinta (17). O dérbi tem tudo para ser bom.

Neymar
Neymar foi vaiado na vitória do PSG sobre o Bordeaux. Messi também foi. O único absolvido da eliminação da Champions foi Mbappé, e o fim de temporada precoce impõe desafio a Neymar: treinar. Sua preparação para a Copa tem de começar já.

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