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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Há evidente falência do modelo atual do futebol brasileiro

Quando o presidente da FPF admite que chegamos ao limite, é porque já passamos dele

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Reinaldo Carneiro Bastos é o articulador dos clubes paulistas para a criação da nova Liga do Futebol Brasileiro (Libra), o que indica algo diferente das últimas quatro décadas. Se o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, e o dirigente da única federação capaz de promover um estadual rentável, declaram-se favoráveis à Liga, há evidência da falência do modelo atual.

O presidente da Federação Paulista fala ainda mais alto: "Chegamos ao limite".

Há um ano, Reinaldo Carneiro Bastos tinha outro discurso. Questionado sobre o fim dos estaduais, forçado pela possibilidade da nova Liga, respondeu: "Esquece isso. Os estaduais não vão acabar".

Hoje, ele responde: "A Liga vai organizar o Campeonato Brasileiro em 2025. Até lá, os clubes vão cumprir todos os contratos vigentes".

Palmeiras e Corinthians em duelo pelo Campeonato Paulista
Palmeiras e Corinthians em duelo pelo Campeonato Paulista - Adriano Vizoni - 17.mar.22/Folhapress

A articulação de Reinaldo Carneiro Bastos ajudou a unir os cinco paulistas da Série A ao Flamengo. Hoje, há alguns consensos. Que a Liga deva organizar um novo torneio, que não rompa com a história e que projete o futuro do ponto de vista econômico.

Também é consensual a divisão igualitária da maior parcela do dinheiro e duas frações menores de acordo com o desempenho e com a audiência. Os critérios propostos para entender a medição de engajamento de torcidas representam um debate árduo. São importantes, porque deles dependerá o equilíbrio.

Só não podem travar o processo, levando em conta o entendimento comum de que a riqueza vai crescer, será dividida de maneira mais equilibrada e o campeonato será melhor.

Tem de debater. E tem de chegar a um consenso. Como você já leu aqui, é agora ou nunca.

Há, no entanto, uma questão decisiva para o sucesso ou fracasso: calendário. A Liga vai nascer em 2025. Será o último ano de vigência do contrato do Paulista, que promete fazer os clubes grandes de São Paulo arrecadarem mais de R$ 33 milhões e a Ferroviária ganhar mais do que o Atlético-MG recebe para jogar o Mineiro. Então, como se fará com a distribuição das datas?

Os quatro grandes de São Paulo vão abandonar o estadual e abrir mão da verba?

É óbvio que um eventual novo Brasileiro precisará ser disputado por toda a temporada, de fevereiro a novembro ou de setembro a maio. Qualquer disputa regional só poderá ter a presença dos times das Séries A e B se houver quartas-feiras livres. Ou se os gigantes jogarem em seus estados com equipes de aspirantes.

Difícil acreditar nisso se, de fato, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo arrecadarem mais de R$ 30 milhões. O argumento do presidente da Federação Paulista é o de não debater isso neste momento, porque geraria mais discordâncias do que há.

E ainda existem muitas.

A cada reunião, há conflitos sérios entre dirigentes que pensam o futebol –e o mundo– de maneiras opostas. O Athletico-PR tem restrições pesadas à maneira como o processo é conduzido, o Fortaleza alega que redes sociais não devem ser incluídas nos debates sobre audiência, porque pode haver robôs e compra de seguidores.

A Liga tem de nascer, mas tem de ser criada com um viés econômico, não político, projetar o aumento da arrecadação e da visibilidade internacional nos próximos dez anos, contar a história dos nossos clubes e a paixão dos estádios brasileiros para o mundo, ter a ambição de encher arquibancadas a cada final de semana.

Não há nada mais anticlímax do que ligar a TV e ver o Maracanã vazio, mesmo com 20 mil pessoas atrás do gol. Esse futebol brasileiro chegou ao limite. Quando o presidente da Federação Paulista admite isso, é porque já passou dele.

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