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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Frase de Vítor Pereira escancara Corinthians individual

Técnico poderia argumentar que trabalho está em evolução, mas preferiu falar de sua própria conta bancária

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Vítor Pereira lembrou Evaristo de Macedo. Ao ser demitido da seleção, em 1985, o técnico que seria campeão brasileiro pelo Bahia, três anos depois, declarou: "Estou preocupado com meus US$ 6 milhões no banco." O maior pecado desta frase é o individualismo.

O técnico português evidenciou como as coisas no Corinthians foram discutidas do ponto de vista individual, e não coletivo: "Você só pode estar a brincar comigo. Tu sabes quanto dinheiro eu tenho no banco?"

Pereira poderia argumentar que o trabalho está em evolução, que o time precisa de seu comando, falar sobre as questões coletivas do Corinthians, sobre a importância de seguir desenvolvendo seus miúdos. Mas, não. Preferiu falar sobre sua própria conta bancária.

Vítor Pereira, técnico do Corinthians, durante jogo pela Libertadores contra o Flamengo, na Neo Química Arena, no dia 2 de agosto
Vítor Pereira, técnico do Corinthians, durante jogo pela Libertadores contra o Flamengo, na Neo Química Arena, no dia 2 de agosto - Miguel Schincariol - 2.ago.22/AFP

A grande diferença do Palmeiras vencedor do Dérbi de sábado, em Itaquera, para grande parte dos demais times do país, é o comprometimento coletivo.

Na expulsão de Danilo contra o Atlético-MG, Rony passou a ser o marcador de Arana, e Scarpa, de Mariano. Dudu jogou fora de posição e ninguém lamentou as mazelas particulares.

No Corinthians, não é apenas Vítor Pereira quem, em uma frase, diz não lamentar o fim do trabalho por ter muito dinheiro no banco. Willian deixou o Parque São Jorge depois da eliminação da Libertadores, contra o Flamengo, e explicou que sua família recebeu ameaças.

Se houvesse cheiro de sucesso nos próximos dois meses, Willian iria já ou esperaria mais um pouco? E Róger Guedes apenas esperou a saída do colega para colocar sobre seus próprios ombros a camisa 10.

Dentro do elenco, nenhum dos líderes julgou individualista a mudança. Tanto Fábio Santos quanto Renato Augusto julgaram absolutamente natural. Mas Guedes nem esperou o corpo esfriar.

É óbvio que os três casos relatados acima não formam a razão principal da falta de jogo coletivo de quem veste o manto corintiano. Mas são exemplos.

O Corinthians segue sendo o time que menos finaliza no Brasileiro, o terceiro pior em desarmes e cruzamentos, e o melhor do campeonato em dribles. Nada mais individualista.

O técnico critica publicamente Róger Guedes ao dizer que não sabe fechar o corredor defensivamente e entrega-lhe a camisa 10, assim que perde seu jogador mais bem dotado tecnicamente.

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Róger Guedes é acusado de não recompor e recebe camisa 10 como prêmio - Folhapress

Apesar disto, o Corinthians ficou vivo em três competições por quatro meses, como propunha o treinador. Agora, em oito dias, pode perder a chance de ganhar os três troféus mais cobiçados da temporada, se não marcar dois gols contra o Atlético-GO.

Vítor Pereira tem 39 jogos, apenas 15 vitórias e oito delas por dois gols de distância – três por três ou mais de diferença. Improvável golear o semifinalista da Copa Sul-Americana.

É possível esperar o final do ano e reestruturar o Corinthians com o próprio treinador português. Mas ele tem contrato só até dezembro e, como ele mesmo disse, não está preocupado se vai continuar ou não. Ele vai para onde quiser, quando e se tiver vontade.

É impossível formar uma equipe em que a ambição seja coletiva tendo um líder que reage expondo tão claramente seus desejos individuais.

Do outro lado, o Palmeiras ganhou os três Dérbis do ano, comandado por Abel Ferreira, o homem que apregoa, todos os dias, que o "nós" deve vir antes do "eu".

Erro de Fagner

Apesar do debate sobre recomposição de Róger Guedes, foi Fagner quem errou no gol contra de Roni. Wesley e Piquerez fizeram dois contra um e o lateral uruguaio conseguiu o cruzamento. O Palmeiras tem enorme chance de ganhar seu 11º título brasileiro.

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Wesley e Piquerez em cima de Fagner, na jogada de origem do gol - Folhapress

Nove pontos

O Palmeiras joga com muita força e é o grande favorito ao título. A sombra no caminho é a lembrança de 2009. Na 29ª rodada, quando o Flamengo visitou o Parque Antarctica, era sexto colocado, nove pontos atrás do líder. Foi a maior virada da história do Brasileiro.

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