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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Seleção Brasileira

Brasil precisa formar seu próprio Guardiola

País pode sair do sonho e começar a criar condições para ter uma geração de técnicos modernos

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Guardiola não será o sucessor de Tite na seleção brasileira. Essa é uma convicção que a CBF já possui. Não apenas porque o catalão renovou seu contrato com o Manchester City em novembro, nem por causa de seu salário.

Antes da assinatura do novo acordo, Pep recebia o equivalente a R$ 13 milhões por mês. Treinadores na América do Sul recebem isso por ano. Quer dizer que se poderia prometer a Pep o 13º salário. Só o 13º.

O martelo só será batido pelo presidente da confederação, Ednaldo Rodrigues, em janeiro, possivelmente depois da escolha do novo diretor de seleções.

Guardiola com os punhos erguidos num estádio iluminado pelos refletores
Pep Guardiola, que recentemente renovou seu contrato com o Manchester City - Adrian Dennis - 5.nov.22/AFP

À parte não ser o novo técnico, Guardiola precisa vir ao Brasil. Se já deu palestras em Buenos Aires mais de uma vez, por que não o trazer ao Rio de Janeiro para falar sobre futebol, como a CBF já fez com Fabio Capello e Marcelo Bielsa?

Sobre a sucessão de Tite, há resistências a nomes como o de Jorge Jesus. Os comentários são sobre as críticas que dirigentes da CBF ouvem, dentro do Flamengo, à maneira centralizadora de trabalhar e ao modo como rompeu o acordo na Gávea.

Jesus seria uma decisão mais populista do que popular, porque não daria estruturação ao trabalho de médio prazo. Portugal não pensa em Jorge Jesus para a eventual sucessão de Fernando Santos por esse motivo. Querem um modelo mais ao estilo Luís Castro, de construção sólida de trabalho.

Antes da Copa, na CBF, também se falava sobre a dificuldade de relacionamento com Abel Ferreira. O cheiro é de que não se avançará na ideia de um treinador estrangeiro. É cedo para ter certeza disso, mas as pistas levam a esse raciocínio.

Não se cogita alguém que fale outro idioma sem ser o português ou espanhol. Independentemente de se contratar um estrangeiro ou brasileiro, é necessário melhorar o nível dos que vivem aqui. Mais cursos, mais palestras, mais universidades, mais capacidade de fazer o que Portugal conseguiu, ao unir a teoria com a prática.

Lembre-se de que, até 2006, os times campeões portugueses tinham, em 68% das vezes, treinadores estrangeiros. Nas últimas 16 temporadas, só os locais ganharam o título. Também atravessaram fronteiras e conquistaram 73 troféus em 30 países.

Se Portugal não tinha bons técnicos e hoje tem, o Brasil, que teve alguns dos mais requisitados para desenvolver o futebol na Ásia, pode formar novos profissionais capazes de brilhar na seleção e na Europa.

Fala-se sobre o não reconhecimento dos cursos da CBF na Uefa. Mas Ricardo Gomes conseguiu dirigir o Bordeaux e o Monaco, no Campeonato Francês, por notório saber.

Usa-se o idioma como justificativa para não haver brasileiros em clubes europeus. Mas Oswaldo de Oliveira foi tricampeão japonês, pelo Kashima Antlers. Se a língua é dificultador na Inglaterra e na Alemanha, como não atrapalha no Japão?

Os técnicos brasileiros foram importantes para ensinar jogadores no Oriente Médio. O jogo mudou, é mais tático e tem menos espaço. A exigência é estudar e ensaiar todas as opções para atacar e defender.

Guardiola não virá. Isso não impede que o Brasil possa sair do sonho e começar a criar condições para ter uma geração de técnicos modernos. Formar o nosso próprio Pep Guardiola em alguns anos, como um dia formamos Zagallo e Telê.

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