Ranier Bragon

Repórter especial em Brasília, está na Folha desde 1998. Foi correspondente em Belo Horizonte e São Luís e editor-adjunto de Poder.

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O Congresso não foi omisso sobre a homofobia, foi homofóbico

STF deve decidir nesta quarta se lava as mãos ou se toma alguma atitude

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Brasília

O Supremo Tribunal Federal retoma nesta quarta (20) o julgamento que pode tornar a homofobia crime específico, por omissão do Congresso em legislar sobre o tema.

Charge publicada pela Folha em 14 de fevereiro de 2019, satirizando os 22 parlamentares da bancada evangélica tiveram audiência com Dias Toffoli em seu gabinete dias antes do julgamento sobre homofobia no STF
Charge publicada pela Folha em 14 de fevereiro de 2019, satirizando os 22 parlamentares da bancada evangélica tiveram audiência com Dias Toffoli em seu gabinete dias antes do julgamento sobre homofobia no STF - Benett/Folhapress

Há bons argumentos segundos os quais o STF, por mais Supremo que seja, não pode fazer leis no lugar de deputados e senadores —o que é, nesse caso, um infortúnio lastimável.

Isso porque o Congresso não tem sido exatamente omisso nesses mais de 30 anos desde a promulgação da Constituição. Tem sido homofóbico.

Por obra e graça da bancada religiosa —que diz falar em nome de um ser superior que a todos ama, sem distinção—, nenhum projeto que criminaliza as manifestações e atos de ódio contra homossexuais virou lei.

Cabeças que parecem ainda pensar como há 2.000 anos teimam em acreditar que as pessoas “optam” por ser homossexuais. E basta não falar mais no assunto ou recorrer ao pastor da igreja, ou mesmo a uma boa e velha sova, para que esse “mal” seja banido do mundo.

O que mais dói é que milhões de crianças e adolescentes que se descobriram ou se descobrirão gays em determinado ponto da vida serão cruelmente afetados por esse lixo de pensamento, por essa infame cruzada rumo à idade das sombras.

Por que, glória a Deus, um ser humano nos seus 12, 13 anos, ou mesmo antes, merece ser discriminado, tratado com chacota, como aberração, ao se descobrir homossexual? 

Manifestação na avenida Paulista no dia 23 de dezembro de 2018, em homenagem a Plínio, homossexual assassinado dois dias antes
Manifestação na avenida Paulista no dia 23 de dezembro de 2018, em homenagem a Plínio, homossexual assassinado dois dias antes - Marina Garcia - dez.2018/Folhapress

Porque sabe-se lá quem escreveu, sabe-se lá quando, sabe-se lá onde, que não pode? Porque criminalizar essa barbaridade é atentar contra a liberdade religiosa e de expressão?

De fato, é de cortar o coração a Ku Klux Klan não poder mais divulgar o quanto considera abjetos os negros, além de não poder mais sair livremente por aí em cortejo, com cones brancos na cabeça, a alegremente tocar fogo nas casas da crioulada.

Nem o direito à vida é absoluto, vide a legítima defesa, que dirá o direito à livre expressão. Crime ou não na lei brasileira, homofobia é um ato dos mais desprezíveis, não importa o que digam o STF ou o Congresso.

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